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Em Paris, Joaquim Leite recusa mea-culpa e defende política ambiental 'racional'

Ministro do Meio Ambiente reafirma a atuação do governo na área e confirma a ampliação da mineração e grandes empreendimentos em terras indígenas

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Lúcia Müzell
RFI

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, encerra nesta quinta-feira (31), em Paris (FRA), dois dias de reuniões na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). O Brasil tenta se tornar membro da entidade, e as questões ambientais estão entre os maiores desafios para a aprovação da candidatura do país.

Brasília não ignora que os índices historicamente altos de desmatamento da Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro abalaram a credibilidade do país nestes temas, além de estremecer as relações diplomáticas com países como França e Alemanha. Contudo, para Joaquim Leite, não há mea-culpa a ser feito em relação aos quatro anos de gestão, que se aproximam do fim em 2022.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante evento em Brasília
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, reafirmou o objetivo do governo Bolsonaro de liberar a mineração em terras indígenas da Amazônia - Sérgio Lima - 14.dez.21/AFP

"A política do governo Bolsonaro é uma política racional na direção de soluções climáticas lucrativas para o empreendedor, para as pessoas e o meio ambiente, para a natureza. Nós temos que gerar empregos verdes", defendeu o ministro, em entrevista à RFI, à margem dos encontros na sede da OCDE. "Nos governos anteriores, a política era 'o que eu posso reduzir, proibir, onde eu posso ocupar e multar'. O governo Bolsonaro traz uma nova política: que solução climática vou conseguir empreender junto com o setor privado", disse Leite.

Mineração em terras indígenas

Neste sentido, o ministro defendeu o PL191, enviado pelo governo ao Congresso e que prevê a ampliação da mineração e grandes empreendimentos em terras indígenas. O projeto de lei, apelidado de "x-tudo" por organizações ambientalistas, levou a grandes protestos em Brasília no começo do mês.

"Você ter a possibilidade de ter uma atividade econômica regularizada é a garantia de proteção ambiental. Quando você fala em mineração na Amazônia, o impacto na biodiversidade e na floresta é de menos de 3%", justificou. "Isso não significa mais degradação, pelo contrário, significa uma solução para um problema que existe há anos, que é crime ambiental ligado ao crime organizado, que é um grande desafio", apontou.

Nos encontros na OCDE, que reúne as 38 economias mais desenvolvidas do planeta, o governo brasileiro se esforça para mostrar outros aspectos de atuação na área ambiental, de modo a minimizar o impacto negativo dos números do desmatamento. Em janeiro e fevereiro, dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelaram novos recordes de devastação da Amazônia para o período, apesar de serem meses chuvosos.

"O crime ambiental é uma coisa e a atividade de política pública de meio ambiente é outra. Aqui, todos foram muito receptivos para entender a real política de meio ambiente do governo, que vai de reciclagem, de energias renováveis, a renovação de frota, hidrogênio verde, eólicas offshore e outros programas que já são um êxito no Brasil", alega o ministro, frisando que "todos os países têm os seus desafios ambientais".

Exportações de energia

Neste período em que a pandemia de coronavírus e a guerra na Ucrânia encarecem os preços da energia mundo afora, Joaquim Leite vislumbra oportunidades para o país, que poderá se tornar exportador de fontes limpas —mas não apenas essas. As fósseis, mais emissoras de gases de efeito estufa, estão no horizonte do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na terça-feira (29), também em Paris, Guedes garantiu que, mediante investimentos, o país poderia se transformar no terceiro maior produtor de petróleo do mundo.

"Não é uma contradição", rebate Leite, ao ser questionado sobre o assunto." O mundo precisa de energia e o Brasil precisa contribuir com o mundo, com todo o tipo energia. A nossa perspectiva é de cada vez mais renováveis, não eliminar as fósseis", explicou.

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