As emissões de gases de efeito estufa procedentes do petróleo e do gás seriam três vezes maiores do que os dados oficiais, aponta a Climate Trace, uma nova plataforma baseada em informações de satélite e apresentada na COP27, no Egito, nesta quarta-feira (9).
Dirigida por um grupo de institutos de pesquisa e empresas de todo mundo, a nova ferramenta localizou 70 mil instalações em todo planeta que lançam emissões na atmosfera e que pertencem a setores como indústria pesada, energia, agricultura, transporte e mineração.
A plataforma Climate Trace usa inteligência artificial para analisar dados de mais de 300 satélites e de milhares de sensores em terra e no mar. Dessa forma, descobriu que os 14 maiores emissores são todos usinas de extração de petróleo e gás.
O ponto mais poluente do planeta é a Bacia Permiana do Texas, um dos maiores campos de petróleo do mundo, nos Estados Unidos, disse o ex-vice-presidente americano Al Gore, um dos fundadores do projeto, que atualizará regularmente suas informações.
"Com base nos novos dados sobre metano e combustão, estimamos que as emissões reais são três vezes maiores do que o que foi relatado", afirmou Al Gore, no evento de lançamento da Climate Trace durante a cúpula em Sharm el-Sheik.
Emitido por vazamentos das usinas de petróleo e gás e também por outras atividades humanas, como a pecuária, o metano é responsável por 30% do aumento global das temperaturas até o momento.
No ano passado, dezenas de países se comprometeram a reduzir a poluição decorrente desse gás de efeito estufa, mais potente do que o dióxido de carbono.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou a iniciativa, que pode ser consultada no site oficial. De acordo com Guterres, a página fornece informações valiosas, graças à observação direta, o que torna mais difícil "trapacear".
"Isso deve ser um chamado de atenção para os governos e o setor financeiro, em particular, os que continuam investindo na poluição por combustíveis fósseis", acrescentou Guterres.
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