Descrição de chapéu transição de governo

Equipe de Lula quer embargo remoto de fazendas por desmatamento ilegal

Grupo técnico sobre meio ambiente da transição afirma que medida pode reduzir taxas no próximo trimestre

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O grupo de trabalho sobre meio ambiente do governo de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), planeja embargar remotamente fazendas com desmatamento ilegal.

A ideia é usar imagens de satélite para encontrar essas e, sem precisar enviar equipes, agir para impedir a continuidade do dano ambiental.

Marina, de máscara, fala ao microfone
A ex-ministra do Meio Ambiente e deputada federal eleita, Marina Silva (Rede-SP), em entrevista à imprensa nesta quarta (30) - Pedro Ladeira/Folhapress

Ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc disse à imprensa nesta quarta-feira (30) que o próximo governo deve mapear os locais em que o desmatamento é permitido com dados de satélite. "O resto pode ser embargado", disse ele.

"Bancos têm a obrigação de cortar o crédito das unidades que estão desmatamento. Isso vai ser uma medida em grande escala, que vai ter grande efeito", disse Minc.

Ele afirmou que haverá "redução forte e imediata do desmatamento no Brasil já no primeiro trimestre". "Acabou a moleza e impunidade, desmatou, vai sofrer as consequências legais."

Nesta quarta, foi divulgado o dado anual de desmatamento da Amazônia, abrangendo o período de agosto de 2021 a julho de 2022. Pelo quarto ano consecutivo, o desmate da floresta, em um ano, ultrapassou os 10 mil km².

Os dados do programa Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram que foram ao chão 11.568 km² de floresta no período.

O número é cerca de 11% inferior à taxa do ano anterior e interrompe a sequência de crescimento que vinha desde 2018. Os números, contudo, permanecem elevados —os mais de 11 mil km² equivalem a mais de sete cidades de São Paulo ou uma Manaus.

O grupo do meio ambiente na transição de governo falou à imprensa sobre a análise preliminar das políticas do setor no governo Bolsonaro.

Ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), cotada para voltar ao comando da pasta, disse que o governo Lula terá papel de destaque no debate global sobre o clima.

"Temos muita vontade de cumprir com a meta de desmatamento zero até 2030", disse ela.

Segundo Marina, existe a suspeita de que alguns grupos ampliaram crimes ambientais após a derrotada do presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa à reeleição, "diante da não mais expectativa da impunidade".

"É possível que alguns grupos estejam avançando [no desmatamento], sobretudo no sul da Amazônia, Acre, Rondônia. Faz com que o desmatamento esteja fora do controle", disse a ex-ministra.

Marina declarou que outros países, além de instituições, têm demonstrado interesse em ampliar doações ao Brasil para o combate ao desmatamento.

"O Brasil parou de fazer chantagem, dizer que só protege a floresta se pagarem para isso. É um compromisso ético", afirmou.

Os membros do grupo disseram que o Brasil perdeu o protagonismo na pauta ambiental e o controle do desmatamento.

Ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do grupo técnico, Izabella Teixeira disse que a gestão Bolsonaro "entregou a Amazônia para o desmatamento, para o crime".

Ela afirmou que se consolidou no governo atual "nova fronteira da grilagem", no Acre. "Mostrando claramente que se perdeu o controle sobre o desmatamento".

Sem dar detalhes, os membros do grupo disseram que o governo não tem apresentado dados confiáveis à transição sobre o meio ambiente.

"Não tem transparência. Não tem acesso a números confiáveis, mas felizmente estamos suprindo essa lacuna", disse o senador Jorge Viana (PT-AC).

Coordenador dos grupos técnicos, Aloizio Mercadante disse que alguns ministérios de Bolsonaro têm colaborado com a transição. Ele também reclamou de medidas tomada pelo atual governo semanas antes da posse de Lula, e citou uma reestruturação de cargos no Ministério do Turismo.

"Isso é competência do novo governo. Precisa ter maturidade, reconhecer a vontade do povo", disse Mercadante.

Ele afirmou que a situação orçamentária é "grave" em diversas áreas, e defendeu a aprovação da PEC da Transição. "A proposta assegura recurso extrateto, indispensável para manter serviços essenciais e recompor a capacidade do estado atuar", disse ele.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.