Antártida registra degelo marinho recorde, mesmo antes do final do verão

Níveis de gelo devem cair ainda mais, já que temporada de descongelamento vai até o início de março

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O degelo no mar antártico atingiu um novo recorde, de acordo com cientistas do National Snow and Ice Data Center, da Universidade de Colorado Boulder (EUA). No último dia 13, a extensão do gelo marinho na Antártida caiu para 1,91 milhão de km², ficando abaixo do recorde anterior de 1,92 milhão de km², estabelecido em 25 de fevereiro do ano passado.

Como o mínimo anual costuma ocorrer entre 18 de fevereiro e 3 de março, espera-se que esse índice caia ainda mais em 2023.

Grupo de pinguins em uma plataforma de gelo em meio ao oceano
Pinguins em um iceberg na Antártida em foto de janeiro de 2022 - Natalie Thomas - 15.jan.2022/Reuters

Grande parte da costa antártica não tem gelo, o que expõe as plataformas de gelo que margeiam o continente à ação das ondas e às condições mais quentes. Este é o segundo ano em que a extensão do gelo no mar antártico fica abaixo de 2 milhões de km², um recorde em mais de quatro décadas de medições.

Os pesquisadores apontam que, desde o começo do verão, os níveis de gelo têm ficado bem abaixo da média e dos recordes do ano passado. "As condições climáticas trouxeram ar quente para a região em ambos os lados da Península Antártica", explicam. Isso fez com que o gelo derretesse quase completamente tanto na porção sudoeste quanto no leste da costa antártica.

Os cientistas também pontuam que a extensão do gelo do mar antártico tem sido altamente variável ao longo dos últimos anos. Ainda que 2022 e 2023 tenham tido uma extensão mínima recorde, quatro dos cinco menores níveis de degelo ocorreram nos últimos 15 anos.

Ainda assim, o declínio acentuado na extensão do gelo marinho desde 2016 tem sido o foco de pesquisas que investigam se a perda de gelo marinho no hemisfério Sul está desenvolvendo uma tendência de queda significativa.

Em outra frente, dois estudos publicados nesta quarta-feira (15) na revista Nature analisam a integridade da geleira Thwaites, apelidada de "geleira do fim do mundo".

Essa massa de gelo tem tamanho equivalente à Grã-Bretanha e tem ficado cada vez mais instável. Se derreter, ela tem o potencial de elevar —sozinha— em até 65 cm o nível do mar. Desde a revolução industrial, o mar elevou-se cerca de 18 cm.

O estudo foi feito usando um equipamento para observar, sob o gelo, o ponto onde a geleira deixa de se apoiar sobre o continente e passa a flutuar no mar. É a retração dessa linha que indica quanto gelo e água doce já foram despejados no mar pela geleira. Desde o final dos anos 1990, ela já retrocedeu 14 km.

Os pesquisadores descobriram que as taxas de derretimento na base da geleira vão de 2 a 5,4 metros ao ano, muito menos que os 14 a 32 metros estimados por modelos matemáticos.

Apesar disso, também observaram que áreas sob o gelo onde havia rachaduras e estruturas íngremes derretem mais rápido, comprometendo a integridade e fazendo continuar a retração acelerada da geleira.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.