Um iceberg com tamanho equivalente ao da cidade de São Paulo (1,521 km²) se desprendeu no domingo (22) de uma plataforma de gelo na Antártida. O rompimento foi anunciado no dia seguinte por cientistas britânicos, que ficam em uma estação de pesquisa próxima ao local.
Apesar de o continente estar ameaçado pelo aumento das temperaturas globais, os pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS), que estuda as regiões polares, afirmaram que o desprendimento não se deve à mudança climática.
O bloco de gelo de 1.550 km² se desprendeu da plataforma na tarde de domingo, depois que a maré forte aumentou uma fenda que já existia ali, detalhou o BAS.
Há dois anos, outro iceberg, de tamanho similar, já tinha se soltado nessa mesma região, batizada de plataforma de gelo Brunt e sobre a qual se situa a base científica britânica Halley VI.
Veja antes e depois do iceberg se desprender
Plataforma de gelo Brunt, na Antártida, foi registrada em 20 de janeiro, antes do iceberg se soltar, e quatro dias depois, quando o bloco de gelo gigante já havia se desprendido - União Europeia/Copernicus/Reuters
As grandes fissuras nas plataformas de gelo vêm aumentando na última década, segundo os glaciologistas.
Em 2016, depois que a fenda que se rompeu no domingo começou a aumentar, o BAS decidiu mover a base Halley VI para outro lugar, a cerca de 20 km de distância, por medo de que ficasse à deriva sobre um iceberg.
"Este desprendimento era esperado e é parte do comportamento natural da plataforma de gelo Brunt. Não está vinculado à mudança climática", explicou o glaciologista Dominic Hodgson, citado em uma nota.
A Antártida, no entanto, sofre as consequências do aquecimento global. No ano passado, foram registrados recordes de temperaturas máximas na região.
Em fevereiro de 2022, a extensão de gelo no continente alcançou o mínimo já registrado em 44 anos de observações de satélite, indicou recentemente o relatório anual do programa europeu sobre mudança climática Copernicus.
Em 2021, o derretimento de um iceberg que tinha se soltado quatro anos antes liberou mais de 150 bilhões de toneladas de água doce misturada com nutrientes no oceano. O fato foi considerado preocupante por cientistas devido ao impacto desse volume em um ecossistema frágil.
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