Legisladores dos EUA e da UE pedem demissão do chefe da COP28

Cem membros do Congresso americano e do Parlamento Europeu assinam carta que aponta preocupação com integridade de negociações

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Reuters

Mais de cem membros do Congresso dos Estados Unidos e do Parlamento Europeu pediram nesta terça-feira (23) que Sultan al-Jaber seja removido do cargo de chefe da COP28, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, dizendo que a nomeação do executivo do petróleo ameaça a integridade das negociações.

Al-Jaber, que dirige a gigante petrolífera dos Emirados Árabes Unidos Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi, foi escolhido em janeiro para liderar as negociações. Ele também atua como ministro da Indústria e Tecnologia dos Emirados, bem como seu enviado climático.

Em carta remetida ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e à ONU, os legisladores expressaram "profunda preocupação" de que os poluidores do setor privado possam "exercer influência indevida" nas negociações climáticas, a serem realizadas em Dubai no final deste ano.

Retrato de al-jaber
Sultan al-Jaber, CEO da Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) e presidente da COP28 - Karim Sahib - 23.mai.2023/AFP

"Pedimos que os senhores (...) se envolvam em esforços diplomáticos para garantir a retirada do presidente designado da COP28", escreveram eles.

A COP28 também vive uma crise causada pelo convite do país anfitrião ao ditador sírio Bashar al-Assad.

Os signatários incluíam os senadores democratas dos Estados Unidos Bernie Sanders e Elizabeth Warren. A maioria dos signatários da União Europeia veio de grupos verdes e de esquerda.

Cientistas e ativistas climáticos expressaram consternação pela nomeação de Jaber, interpretando-a como um sinal de que a grande indústria dominou a resposta global à crise climática.

Mais de 600 lobistas de combustíveis fósseis estiveram presentes nas negociações climáticas da COP27, realizadas no Egito no ano passado.

Um porta-voz do gabinete do presidente da COP28 destacou a longa carreira de Al-Jaber no setor de energia renovável.

"Acreditamos que a experiência do doutor Sultan (...) trabalhando em todo o espectro de energia, juntamente com sua experiência como líder sênior da indústria global, são ativos que ajudarão a impulsionar a abordagem transformadora dos Emirados Árabes Unidos para a COP28", disse o porta-voz.

Al-Jaber disse anteriormente à Reuters que "não tinha intenção" de se desviar da meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

"Manter o 1,5°C vivo é uma prioridade máxima e isso afetará tudo o que faço", afirmou.

Esta não é a primeira vez que os legisladores pedem a remoção de Al-Jaber.

Pouco depois de sua nomeação, 27 membros democratas do Congresso dos EUA enviaram uma carta ao principal enviado climático dos EUA, John Kerry, instando-o a convencer o futuro anfitrião da cúpula climática da ONU a cancelar a escolha de Al-Jaber.

Outros deram seu apoio ao executivo do petróleo. Na segunda-feira (22), o chefe de política climática da UE, Frans Timmermans, disse numa reunião do Parlamento Europeu que "se quisermos que a transição energética seja bem-sucedida, temos que envolver as empresas de energia".

"Vilipendiá-las e ignorá-las não vai impulsionar a dinâmica em termos de transição energética, e o doutor Sultan al-Jaber também tem um longo histórico de investimentos em energias renováveis dentro de sua empresa", disse Timmermans.

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