Brasil ratifica acordo para ampliar restrição a gases HFCs, que intensificam efeito estufa

Emenda de Kigali foi aprovada globalmente em 2016, mas ainda não tinha sido colocada em prática no país

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São Paulo

Na última sexta-feira (25), foi publicada no Diário Oficial da União a promulgação da Emenda de Kigali, dispositivo criado em 2016 junto à ONU (Organização das Nações Unidas) que amplia a restrição a gases HFCs (hidrofluorcarbonetos). Essas substâncias colaboram para o efeito estufa e estão presentes em aparelhos de refrigeração.

O país foi um dos últimos a adotar o acordo, que já foi colocado em prática por mais de 150 nações. O texto tinha sido ratificado pelo Congresso em 2022, mas aguardava a aprovação do Executivo para entrar em vigor.

Cercado por aparelhos de ar condicionado, homem usa celular no lado de fora de prédio
Cercado por aparelhos de ar condicionado, homem usa celular em Nova Delhi, Índia; aparelhos de refrigeração são os principais responsáveis por emissões de HFCs - Adnan Abidi/Reuters

A emenda amplia o escopo do Protocolo de Montreal, tratado de 1987 projetado para eliminar gradualmente a produção de CFCs (clorofluorcarbonetos), responsáveis pelo declínio nos níveis de ozônio na atmosfera. Este é um dos poucos acordos ratificados universalmente na história e resultou na restauração progressiva da camada de ozônio —ajudando a evitar que as temperaturas globais aumentassem cerca de 0,5°C.

A Emenda de Kigali (em referência à capital de Ruanda, onde o acordo foi assinado) trata dos HFCs, que foram usados em substituição aos CFCs por não destruírem o ozônio, mas que têm um impacto muito nocivo para o aquecimento global. A estimativa é que a adoção do acordo evite de 0,3°C a 0,5°C de aumento de temperatura até 2100.

O Brasil tem até 2024 para se adequar ao novo teto de consumo dos HFCs, atendendo ao mercado interno sem aumentar a média das importações que foram realizadas entre 2020 e 2022. Após esse congelamento, deve reduzir progressivamente a emissão de HFCs, indo de um corte de 10% em 2029 até 80% em 2045.

Com a adoção do acordo, o país pode receber recursos do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, de US$ 100 milhões, que financia a adequação de fábricas e a capacitação da mão de obra para atender aos requisitos de Kigali.

Mas, para isso, deverá ser elaborado um plano de ação para reduzir os HFCs. O acesso ao fundo pode ser suspenso ou cancelado se as metas de cortes em emissões não forem cumpridas.

Segundo a Rede Kigali, composta por organizações da sociedade civil como o ICS (Instituto Clima e Sociedade) e o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a adoção da emenda evitará que o mercado consumidor brasileiro se torne destino de aparelhos obsoletos, de baixa eficiência energética e poluentes.

A rede aponta ainda que equipamentos com fluidos refrigerantes que atendem ao tratado podem resultar numa economia de R$ 57 bilhões no país até 2035 em gastos com energia elétrica.

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