O mês passado foi o julho mais quente já registrado, com temperaturas anormalmente altas observadas tanto na terra quanto no mar, disse o painel de mudanças climáticas Copernicus, da União Europeia, nesta terça-feira (8).
Segundo o programa Copernicus, estima-se que o mês foi cerca de 1,5°C mais quente do que a média para o período de 1850-1900, a era pré-industrial usada como base para as metas climáticas atuais —segundo as quais, necessitamos conter o aumento de temperatura a até 2°C e, preferenciamente, a 1,5°C.
O mês passado também foi aproximadamente 0,7°C mais quente do que a média registrada no nos meses de julho no período 1991-2020, cerca de 0,3°C em relação a julho de 2019, o anterior mês mais quente de julho.
Os cientistas alertaram no final do mês passado que julho estava a caminho de se tornar o mês mais quente já registrado. Junho também superou o recorde anterior de temperatura daquele mês. Dessa forma, o mundo viu dois meses seguidos com recordes históricos de temperatura.
Este ano é o terceiro mais quente até agora, disse a vice-chefe da Copernicus, Samantha Burgess.
"Acabamos de testemunhar as temperaturas globais do ar e as temperaturas globais da superfície do oceano estabelecendo novos recordes históricos em julho", afirmou ela. "Isso mostra a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, que são o principal fator por trás desses recordes."
Temperaturas sufocantes têm afetado áreas consideráveis do planeta, com recordes de calor registrados desde o Vale da Morte, no estado norte-americano da Califórnia, até um município do noroeste da China, enquanto o Canadá e o sul da Europa combatem incêndios florestais.
O programa Copernicus também apontou a ocorrência de ondas de calor na Espanha e nos Balcãs. As temperaturas no mês foram consideravelmente superiores no sul da Europa em relação à média climatológica do período 1991-2020.
O Copernicus também citou recordes de temperatura registrados em diversos locais, além de valores próximos a recordes sendo atingidos. São citadas temperaturas de 48°C na Sardenha, 47°C registrado em um observatório em Palermo, na Sicília, e 46°C na Grécia.
Ao mesmo tempo, a região norte da Europa teve médias de temperatura próximas ou abaixo da média.
Enquanto isso, as regiões norte e central da África tiveram, em geral, temperaturas mais altas do que a média. Argélia e Tunísia foram locais com situações anômalas, com temperaturas diárias máximas chegando a até 49°C, segundo dados do WMO (World Meteorological Organization).
Outros lugares com temperaturas especialmente altas foram Eritreia e no noroeste da Etiópia.
Temperaturas maiores do que a média também foram registradas na Groenlândia.
Na Ásia, a China registrou a maior temperatura já registrada em seu território, de 52,2°C. O Japão também registrou o julho mais quente de sua história, considerando medidas que datam desde 1898.
No caso da América do Sul, a região norte do Chile e da Argentina, e Uruguai e a parte mais ao sul do Brasil também tiveram temperaturas bem acima da média para o período.
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