Autoridade climática da ONU chama abordagens do G20 de inadequadas

Grupo que representa 85% da economia mundial e das emissões de gases-estufa precisa dar respostas à crise do clima, diz Simon Stiell

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Nairobi (Quênia) | AFP

As declarações dos países do G20 sobre a luta contra a mudança climática estão "lamentavelmente inadequadas" à situação, afirmou nesta quarta-feira (6) o responsável da ONU para questões climáticas, antes da cúpula deste fim de semana na Índia.

O G20, que representa em torno de 85% da economia mundial e das emissões de gases de efeito estufa, se reúne neste fim de semana em Nova Déli. O grupo será presidido pelo Brasil pela primeira vez em 2024.

O presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente russo, Vladimir Putin, não participarão, em meio às tensões sobre a Guerra da Ucrânia, a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e questões comerciais.

Homem pinta quadro com o rosto de Biden; logo acima está escrito 'welcome to g20'
Artista indiano Jagjot Singh Rubal pinta retrato do presidente dos EUA, Joe Biden, alusivo ao encontro do G20 - Narinder Nanu/AFP

Para Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), soluções tecnológicas estão ao nosso alcance para conter o aquecimento global. Mas a geopolítica é um "fator limitante", disse à AFP durante a Cúpula Africana do Clima.

Nesta reunião realizada em Nairóbi, capital do Quênia, os líderes africanos pediram um aumento substancial do investimento em energias renováveis no continente, uma reforma do sistema financeiro internacional e um maior apoio aos países em desenvolvimento, os mais afetados.

A cúpula do G20 é parte de um ciclo de quatro meses de grandes negociações sobre o aquecimento global, culminando em uma conferência da ONU, a COP28, em Dubai, em novembro.

Para Stiell, as declarações dos países do G20 às vésperas da reunião não estão à altura do problema. "Os comunicados emitidos são lamentavelmente inadequados e não abordam as questões críticas que esses 20 países enfrentam", lamenta. "Ainda há tentativas de contornar e obstruir essas questões essenciais", pondera.

Em julho, os ministro da Energia do G20 não chegaram a um consenso sobre uma alternativa para a eliminação progressiva do uso de combustíveis fósseis.

A cúpula do G20 na Índia será realizada quando os países esperam os primeiros balanços oficiais sobre seus progressos relacionados aos objetivos estabelecidos em Paris em 2015.

No Acordo de Paris, cerca de 200 países se comprometeram a limitar o aquecimento global a 2°C em 2100, em relação à era pré-industrial, e de preferência a 1,5°C.

Esses balanços reiteram muitas das conclusões desastrosas de vários relatórios da ONU sobre o clima publicados recentemente e que apontam para a insuficiência da resposta coletiva ao problema.

"Há trabalho a ser feito em todos os níveis", aponta Stiell, enfatizando que "a carga da resposta pesa sobre 20 países".

Neste sentido, o funcionário da ONU insiste que os líderes do G20 devem refletir sobre suas falhas e "enviar um sinal muito forte em relação a seus compromissos frente à mudança climática".

Os especialistas do clima da ONU afirmam que as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 43% nesta década. Stiell destacou que a tecnologia para alcançar esse objetivo está ao alcance das mãos, se os países mais ricos estiverem dispostos a colocar o dinheiro necessário sobre a mesa.

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