Derretimento de plataformas de gelo da Groenlândia representa grande risco, mostra estudo

Em quatro décadas, 35% do volume de gelo foi perdido e três plataformas desapareceram

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AFP

As plataformas de gelo flutuantes do norte da Groenlândia perderam um terço de seu volume nas últimas quatro décadas, mostra um estudo publicado nesta terça-feira (7). Esse quadro pode gerar um aumento "dramático" do nível do mar, segundo os autores da pesquisa.

Essas plataformas flutuantes desempenham um papel crucial na regulação do fluxo de gelo das geleiras da região para o oceano. Essas geleiras contêm gelo suficiente para elevar o nível do mar em 2,1 metros.

Desde 1978, essas plataformas perderam mais de 35% de seu volume total, e três delas colapsaram por completo, segundo o estudo.

Iceberg no oceano
Derretimento de iceberg na Groenlândia visto a partir do fiorde Scoresby - Olivier Morin - 12.ago.2023/AFP

Por causa do aquecimento global alimentado pelo uso de combustíveis fósseis, as plataformas de gelo são "extremamente vulneráveis" a um maior retrocesso e podem estar até mesmo fadadas ao colapso, de acordo com o estudo publicado na Nature Communications.

"Isso pode ter consequências dramáticas em termos de aumento do nível do mar", disseram os autores.

O derretimento das plataformas de gelo em si não contribui para o aumento do nível do mar, uma vez que elas já estão na água. Mas elas funcionam como represas que regulam a descarga de gelo no oceano. Se essas barreiras naturais se desintegrarem, as geleiras podem acabar despejando mais gelo nos oceanos.

No passado, as geleiras dessa região foram consideradas estáveis pelos cientistas, ao contrário de outras partes da camada de gelo da Groenlândia, que começou a se fragilizar em meados da década de 1980.

Os autores do estudo descobriram, no entanto, que as geleiras começaram a descarregar gelo em resposta ao enfraquecimento das plataformas, que vêm derretendo em sua parte inferior, devido ao aquecimento dos oceanos.

"Identificamos um aumento muito significativo no derretimento desde a década de 2000, que corresponde claramente a um aumento nas temperaturas dos oceanos nesta área durante esse período", disse o autor principal, Romain Millan, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, em francês).

Os pesquisadores, de Dinamarca, França e Estados Unidos, usaram milhares de imagens de satélite combinadas com medições de campo e com modelos climáticos para reconstruir a natureza das geleiras flutuantes.

As geleiras do norte da Groenlândia começaram a desestabilizar somente nos últimos 20 anos, o que significa que se perdeu mais gelo do que se ganhou. A camada de gelo da Groenlândia responde hoje por, aproximadamente, 17% do aumento do nível do mar observado de 2006 a 2018.

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