Após indefinições, Azerbaijão vai receber edição de 2024 da COP

Rússia e Armênia indicaram que não vão vetar que o país seja o anfitrião; edição de 2025 será no Brasil

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São Paulo

Entre as dez economias mais dependentes de petróleo do mundo, o Azerbaijão será o anfitrião e presidente da COP29 do Clima da ONU, prevista para acontecer entre os dias 11 e 22 de novembro de 2024.

A definição aconteceu somente neste final de semana, durante os últimos dias de negociação da COP28, que acontece até terça em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O anúncio oficial do próximo anfitrião deve ocorrer na plenária de conclusão da COP.

No entanto, o documento preparado pelo secretariado da ONU com a agenda dos locais das próximas edições da COP já circulou neste domingo (10). Ele também formaliza o Brasil como anfitrião da COP30, em novembro de 2025.

Vista aérea da área central de Baku, capital do Azerbaijão
Baku, capital do Azerbaijão, será a sede da COP29 do Clima da ONU, prevista para acontecer entre os dias 11 e 22 de novembro de 2024 - Maxim Shemetov - 8.dez.23/Reuters

Geralmente, os países-sede são confirmados com dois anos de antecedência, permitindo que se preparem para custear o evento e conduzir os trabalhos —informalmente, a presidência de uma COP começa assim que se conclui a edição anterior.

No entanto, o suspense sobre o anfitrião da COP29 se estendeu até a metade da COP28, por conta dos conflitos na região do leste europeu —que, de acordo com o rodízio regional promovido pela ONU, seria a próxima região a receber o evento.

A dificuldade se impôs diante da afirmação da Rússia de que vetaria a candidatura de qualquer país da União Europeia como sede —uma resposta às sanções do bloco feitas por conta da guerra contra a Ucrânia.

O Azerbaijão também vive um contexto de guerra contra a Armênia, mas os dois países começaram a chegar a um entendimento na última semana.

Na quinta (7), os chefes de Estado dos dois países fizeram uma declaração conjunta afirmando que há uma chance histórica de alcançar a paz por um longo prazo. No mesmo dia, a Armênia retirou o veto sobre a candidatura do Azerbaijão para sediar a COP29.

No sábado (9), os russos também se comprometeram, em conversas informais, a não vetar a candidatura do país.

Sem tradição de participar ativamente das negociações climáticas, o Azerbaijão está entre as dez economias mais dependentes de petróleo, com 64% do seu PIB (Produto Interno Bruto) vindo de receitas da produção e exportação da commodity. A dependência é ainda maior do que a do anfitrião atual da COP, os Emirados Árabes Unidos, que apoiam 52% da sua economia no setor. Os dados são da análise do Carbon Tracker.

O Azerbaijão também é membro da Opep+, grupo expandido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, à qual o Brasil também deve se juntar.

Assim como os Emirados Árabes Unidos e o Egito, que recebeu a edição do ano passado, o Azerbaijão também vive sob um regime autoritário —o presidente Ilham Aliyev comanda o país desde 2003.

A COP29 deve acontecer na cidade de Baku, capital do Azerbaijão. O governo do país afirma que a cidade tem boa infraestrutura para receber a conferência, o que deve compensar o curto prazo para sua organização.

A audiência das conferências do clima tem aumentado nos últimos anos. As edições dedicadas a agendas técnicas —nas quais não há a missão de criar um novo marco— costumavam ter um público em torno de 20 mil pessoas. Já momentos-chave das negociações, como a COP21, em 2015, que chegou ao Acordo de Paris, teve 45 mil credenciados.

Com o agravamento da crise climática e o maior envolvimento de organizações na agenda, as COPs inflaram, mesmo em edições de pouca relevância.

Em um grande encontro internacional, atores subnacionais, pesquisadores, ativistas e empresários aproveitam a agenda para discutir a agenda do clima em eventos paralelos às negociações diplomáticas.

No último ano, a COP27 do Clima, no Egito, reuniu 35 mil participantes. Já a organização da COP28 credenciou mais de 90 mil participantes.

A repórter Ana Carolina Amaral viajou a convite de Avaaz, Instituto Arapyaú e Internews.

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