Brasil, Azerbaijão e Emirados Árabes anunciam aliança de presidências da COP

Grupo deve trabalhar em conjunto para garantir objetivo do Acordo de Paris

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Benjamin Legendre
AFP

Os Emirados Árabes Unidos, presidentes da COP28, realizada em 2023, e os seus sucessores, o Azerbaijão e o Brasil, anunciaram nesta terça-feira (13) o início de uma aliança inédita para "melhorar a cooperação e a continuidade" das negociações da cúpula climática da ONU.

Os 198 países signatários do acordo final da COP28, assinado em dezembro em Dubai, apoiaram as três presidências para que trabalhem em conjunto em um "roteiro" para conter o aquecimento global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, a meta mais ambiciosa definida pelo Acordo de Paris, de 2015.

Esta "troica de presidências da COP", como foi chamada, deve "garantir a colaboração e a continuidade necessárias para manter a estrela polar de 1,5°C no horizonte de Baku a Belém e mais além", disse o presidente da COP dos Emirados Árabes, Sultan al-Jaber, em comunicado.

Pessoas em um palco aplaudem
Sultan al-Jaber (ao centro), presidente da COP28, no encerramento da conferência do clima da ONU em Dubai em 2023 - Giuseppe Cacace - 13.dez.2023/AFP

A capital do Azerbaijão sediará a COP29 em novembro deste ano, enquanto a capital do estado do Pará, na Amazônia, receberá a COP30 em 2025.

Os atuais compromissos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa colocam o mundo no caminho para aumentar entre 2,5°C e 2,9°C neste século, de acordo com cálculos da ONU.

Já o limite de 1,5°C pode ser alcançado entre 2030 a 2035, de acordo com as últimas estimativas do painel de especialistas climáticos da ONU (IPCC, na sigla em inglês).

Os cientistas alertam que cada décimo de grau adicional intensifica e multiplica eventos climáticos extremos.

A aliança de países, de acordo com o acordo final da COP28, deve "fortalecer significativamente a cooperação internacional e o ambiente internacional favorável para impulsionar a ambição no próximo ciclo de contribuições determinadas a nível nacional".

Ao citar essas contribuições, os signatários referem-se aos planos de redução de emissões de cada país (NDCs, na sigla em inglês), que devem ser atualizados com maior rigor antes da COP30, em Belém.

Financiamento dos países em desenvolvimento

O acordo da COP28 incluiu, pela primeira vez, a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, mas não fez progressos no desbloqueio de financiamento para os países em desenvolvimento, um grande obstáculo nas negociações.

A questão é apresentada como tema central da COP29, em Baku, que deve estabelecer um novo objetivo na ajuda financeira climática fornecida pelos países desenvolvidos.

As nações ricas já estão atrasadas na promessa inicial de financiar a luta contra a mudança climática com cerca de US$ 100 bilhões anuais. O compromisso foi feito em 2009, e o prazo de arrecadação era o ano de 2020.

O valor, no entanto, é insuficiente: de agora até 2030, os países em desenvolvimento, excluindo a China, precisarão de cerca de US$ 2,4 trilhões anualmente, segundo estimativas de especialistas da ONU.

Para cumprir o limite de 1,5°C, "será essencial estabelecer uma nova meta de financiamento que reflita a magnitude e a urgência do desafio climático", afirmou o presidente da COP29 no Azerbaijão, Mukhtar Babayev.

Ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais deste país produtor de petróleo, Babayev apresentou-se como um "construtor de pontes entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento".

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