Descrição de chapéu pantanal

Em meio a incêndio no pantanal que dura seis dias, governador do MS derruba situação de emergência

Mais mil hectares já foram destruídos pelo fogo em Corumbá, município diretamente beneficiado pelo decreto revogado

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Campinas

Em meio a um incêndio no pantanal que já dura seis dias e destruiu mais de mil hectares da Serra do Amolar, em Mato Grosso do Sul, o governador do estado, Eduardo Riedel (PSDB), derrubou um decreto que declarava situação de emergência nos municípios de Corumbá, Ladário, Miranda, Aquidauana e Porto Murtinho, que ocupam o cerne do bioma. A decisão consta no Diário Oficial do Estado de quarta (31).

O decreto foi instituído em 14 de novembro do ano passado, em razão do tempo seco que acometia o pantanal e propiciava o surgimento acima do normal de focos de incêndio. Na época, o chefe do estado sul-mato-grossense ressaltou que a medida tinha por objetivo auxiliar na contenção dos incêndios, com duração de 90 dias —terminaria em 14 de fevereiro.

Em nota, o governo estadual diz que o decreto "foi revogado após uma avaliação técnica e que, independentemente de qualquer normativa, o Corpo de Bombeiros atua fortemente no enfrentamento aos incêndios".

Imagem aérea mostra um região de serra encoberta por uma nuvem de fumaça, que torna todo céu cinzento
Imagem aérea mostra incidência de fumaça pela Serra do Amolar, em Corumbá (MS) - Reprodução

Apenas um mês depois, em dezembro, o ecossistema viveu uma período de chuvas e cheia dos rios, que controlou a situação das queimadas. No entanto, com o fim precoce das precipitações em janeiro, os focos de incêndios voltaram a se pulverizar.

Agora, com a decisão de Riedel, os municípios mais afetados perdem um aliado no combate às chamas, já que, na prática, a situação de emergência permite dispensa de licitações para atender casos com potencial de prejuízo ou comprometimento de serviços públicos, segurança de pessoas e bens públicos ou particulares.

A dispensa de licitação, entretanto, valia apenas para obras e serviços que possam ser concluídos em, no máximo, um ano.

Para o governo estadual, "no momento da publicação, o decreto de situação de emergência nos municípios de Corumbá, Ladário, Miranda, Aquidauana e Porto Murtinho foi necessário para a compra de materiais". "A suspensão desse mecanismo não prejudica o trabalho na Serra do Amolar", afirma a gestão.

Em Corumbá, por exemplo, um incêndio na Serra do Amolar, principal santuário de biodiversidade em fauna e flora do pantanal, considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, completa seis dias nesta quinta-feira (1º). O local é de difícil acesso, o que atrapalha a chegada de brigadistas.

De acordo com a ONG IHP (Instituto do Homem Pantaneiro), as chamas começaram após um fazendeiro atear fogo em uma área de mata para fazer pasto para o gado e perder o controle do fogo.

"Até terça (30), havia 11 focos no território. Depois da chuva na tarde, esses focos foram reduzidos para 6 focos de incêndio nesta quarta (31), pela manhã. No período da tarde, as equipes de campo identificaram mais locais com fumaça e estão com atuação direta para reconhecimento da área. Em todo o pantanal, neste primeiro mês do ano, foram registrados 115 eventos de fogo. Ano passado, foram 28 registros", disse o IHP em comunicado.

Os esforços para colocar fim ao incêndio já reúnem a Marinha do Brasil, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul e comunidades locais. Ainda 14 brigadistas do IHP atuam no combate às chamas.

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