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Ilha em Guarujá (SP) ganha selo de sustentabilidade inédito nas Américas; veja fotos

Ilha dos Arvoredos é rota de espécies marinhas e conta com horto medicinal

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Santos

Tradicional destino da Baixada Santista, Guarujá acaba de ter sua Ilha dos Arvoredos reconhecida como referência em ecoturismo sustentável por selo do programa internacional Green Key. Inédita nas Américas e no hemisfério sul, a certificação é uma referência internacional para atrativos turísticos.

A ilha rompe a hegemonia da Europa e da Ásia ao receber o Green Key e, assim, junta-se a outros 97 pontos que já tinham o selo.

O programa Green Key é gerido pela FEE (Foundation for Environmental Education), entidade dinamarquesa representada no Brasil pelo IAR (Instituto Ambientes em Rede).

foto aérea de ilha dos arvoredos, em guarujá
Ilha dos Arvoredos, em Guarujá (SP), foi reconhecida como referência em ecoturismo sustentável por selo internacional - Divulgação

"O selo, sem dúvida, traz uma visibilidade maior à ilha e ao município", disse a coordenadora nacional do programa Green Key, Leana Bernardi. "Pudemos verificar todo o trabalho diferenciado ali realizado. Esse atrativo é impressionante."

Antes do Brasil, tinham a certificação Green Key locais de Coreia do Sul, Alemanha, Turquia, Reino Unido, Grécia, Estônia, Finlândia, Dinamarca, Eslovênia, Bélgica e Holanda.

A ilha está a 1,5 km da praia de Pernambuco. Sem área de faixa de areia, destaca-se pela beleza natural das rochas e da vegetação. Entre os pontos sustentáveis da ilha estão o de ter água potável com sistema de captação de chuva e placas de captação de energia solar.

São 36 mil m2 de paisagem preservada, com viveiro de mudas nativas da mata atlântica e projetos de pesquisa da fauna e da flora do local. A ilha também abriga um horto medicinal (com plantas medicinais do litoral), plantas nativas e exóticas.

O local, na APA (Área de Proteção Ambiental) Marinha Litoral Centro, é rota de várias espécies marinhas. Pássaros podem ser avistados, e tartarugas se alimentam nos costões do rochedo, entre outras espécies.

Há também curiosidades arquitetônicas, como o Fênix, um pássaro de 72 toneladas em concreto armado que serve de contrapeso ao guindaste por onde os visitantes entram —só se chega à ilha de barco.

A Ilha dos Arvoredos foi uma concessão da Marinha ao engenheiro e ambientalista paulistano Fernando Eduardo Lee, entre as décadas de 1950 e 1960. Depois, criou a Fundação Fernando Eduardo Lee, para administrar a área. A fundação integra o comitê gestor ao lado do Inmar (Instituto Nova Maré).

"Esse selo coloca o Guarujá de vez no mapa mundial do turismo sustentável", disse o presidente do Inmar Bruno Tacon. "Estamos mostrando que dá para fazer diferente do predatório: focando em educação ambiental, em pesquisa e na nossa própria história. Um litoral, para ser aproveitado, precisa ser bem cuidado. E a ilha hoje é o maior exemplo de projeto sustentável do Brasil."

O que não significa que esteja tudo perfeito. De acordo com Tacon, o custo mensal da Ilha dos Arvoredos gira em torno de R$ 50 mil —e a conta não fecha.

"A receita obtida com visitantes, que pagam de R$ 99 a R$ 230 para entrar, não cobre nem 15% desse total. Até porque temos gastos com embarcação para trazer as pessoas, pessoal de apoio, monitores, seguro e outros."

foto de ilha no mar
Selo pode ajudar a atrair patrocinadores para turismo sustentável; o custo mensal da Ilha dos Arvoredos gira em torno de R$ 50 mil - Divulgação

A Prefeitura de Guarujá não tem participação direta na direção do local. Na visão do secretário-adjunto do Meio Ambiente de Guarujá, Cleiton Jordão, a certificação se junta a outros títulos já conquistados, como na APA da Serra do Guararu —considerada, em 2018, exemplo de eficiência pela Iclei, rede global de sustentabilidade— e o selo Bandeira Azul da praia do Tombo pela 14ª vez consecutiva, em 2023.

"Todos os temas e selos estão interligados. Mostram que vale a pena focar em proteção ambiental e manejo sustentável", diz.

Foi justamente para receber melhor os visitantes que nasceu, em 2021, o projeto Mundo Sustentável, responsável por operacionalizar todo esse fluxo. Desde então, 2.500 pessoas participaram de visitas técnicas e turísticas.

Para Priscilla Bonini Ribeiro, conselheira e pesquisadora da Fundação Fernando Eduardo Lee e diretora-geral da Unaerp Guarujá, é importante que o local também atraia patrocínios, para que se sustente. Ela é autora do livro "Ilha dos Arvoredos: Paraíso da Sustentabilidade".

"Seguimos em busca de apoios porque, além de ser muito bem conservada, a ilha pede melhorias. Há áreas não abertas para visitação, porque existe a necessidade de criar estruturas adicionais de segurança e acesso. Sem dinheiro, não dá", afirma.

Criada em 2021 com o objetivo de fortalecer a presença da sociedade civil nas grandes decisões da Baixada Santista, a Aguaviva (Associação Guarujá Viva) também destaca a relevância da ilha.

"É patrimônio imaterial da maior relevância, especialmente nesses tempos de emergência climática em escala planetária. Saudamos o legado de Fernando Lee", diz o presidente da entidade, José Manoel Ferreira Gonçalves.

Informações sobre visitas e patrocínios podem ser obtidas no site www.ilhadosarvoredos.com.br ou pelo (13) 99637-3288.

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