Lula volta a defender exploração de petróleo na margem equatorial

Presidente falou a empresários em evento bancado com recursos do fundo soberano da Arábia Saudita

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Rio de Janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descreveu nesta quarta-feira (12) a empresários árabes o Brasil como um potencial "gigante da sustentabilidade" para atrair investimentos estrangeiros preocupados com o uso de energia limpa.

No mesmo discurso, porém, defendeu a exploração de petróleo na margem equatorial, questionada pelos órgãos ambientais. A fala do presidente ocorreu durante a FII Priority Summit, encontro organizado pelo principal fundo da Arábia Saudita, realizado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixa o Copacabana Palace após participar da cerimônia de abertura do FII Priority Summit, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Lula buscou apresentar o país como sendo o local com as melhores condições para investimentos na ampliação da produção global a partir de uma matriz energética limpa.

"O Brasil que vislumbramos é um gigante da sustentabilidade e um peso pesado na segurança alimentar. É um país capaz de ampliar sua produtividade agrícola com respeito ao meio ambiente e de renovar sua vocação industrial a partir da energia limpa e da inovação tecnológica", afirmou o presidente, no trecho em que leu um discurso previamente preparado.

Ao final, ao falar de improviso "com o coração", Lula defendeu a exploração do petróleo na margem equatorial, que enfrenta resistência da área ambiental do governo. O principal foco do embate está na bacia do Foz do Amazonas.

"É importante ter em conta que nós, na hora que começarmos a explorar a chamada margem equatorial, vamos dar um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo. Mas nós não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer", declarou.

O setor de petróleo defende que a exploração na região é fundamental para manter a produção de petróleo brasileira após o esgotamento do pré-sal. O Ibama negou licença para a perfuração de um poço na bacia da Foz do Amazonas por preocupação com as atividades da petroleira em uma região de vulnerabilidade socioambiental.

A fala sobre a margem equatorial foi feita logo apos Lula afirmar que a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, "está quase disputando com a [Saudi] Aramco", produtora do petróleo saudita.

Ela também participou do evento. "A margem equatorial e outras novas fronteiras exploratórias são essenciais para reposição de reservas do país", disse a presidente da Petrobras em entrevista a jornalistas. "Acredito que a gente já perdeu dez anos. Essa margem equatorial foi licitada em 2013", acrescentou.

Em seguida, Chambriard destacou projetos da Petrobras em descarbonização. Na visão da presidente, a empresa "está investindo muito" nessa área.

"A pegada de carbono de um projeto da bacia de Santos do pré-sal tem metade da pegada de carbono tradicional. Diminuímos muito a pegada e carbono. Tudo isso é a prova de que a Petrobras está atenta à questão do meio ambiente", declarou.

O tema do evento FII Priority Summit Rio de Janeiro é "investir em dignidade". O encontro é organizado pelo FII Institute, uma entidade sem fins lucrativos com recursos do fundo soberano da Arábia Saudita. A conferência já foi chamada de "Davos do deserto".

Ministros do governo Lula, empresários e lideranças políticas estrangeiras participam das discussões no Copacabana Palace, que terminam na quinta-feira (13). O plano é debater temas como energia renovável, IA (inteligência artificial) e empreendedorismo.

O Brasil é hoje o oitavo no mundo na produção de petróleo. Em março de 2023, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, anunciou planos para escalar a produção nacional e tornar o Brasil o quarto maior produtor global.

Para conter o aquecimento do planeta em 1,5°C, meta do Acordo de Paris para evitar eventos climáticos mais extremos e mais frequentes, a AIE (Agência Internacional de Energia) afirma que novos projetos de petróleo e gás não devem ser levados adiante. Atualmente, a temperatura média do planeta já é 1,2°C mais elevada do que no período pré-industrial.

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