Lula é aconselhado a antecipar anúncio de presidente da COP de Belém

Governo quer criar fato positivo na agenda do clima diante de queimadas e empoderar escolhido

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido aconselhado a antecipar o anúncio do seu escolhido para presidir a reunião global do clima da ONU de Belém.

A COP30 ocorrerá em novembro de 2025 na capital paraense. O plano inicial do governo era realizar o anúncio do presidente da COP na reunião deste ano, a COP29, em Baku (Azerbaijão).

Lula discursando em palco
Lula em discurso durante a COP28, nos Emirados Árabes Unidos - Thaier Al-Sudani/Reuters

Agora, a ideia em discussão no Planalto é que Lula revele o nome durante suas agendas em Nova York, no final de setembro, quando ele participa da abertura da Assembleia-Geral da ONU.

De acordo com interlocutores, Lula gostou da ideia e tem sinalizado que planeja usar Nova York para fazer o anúncio, possivelmente em alguma reunião paralela sobre meio ambiente.

Realizar a divulgação dois meses antes do previsto atende a diferentes objetivos, segundo membros do governo.

Uma das expectativas é criar um fato positivo e sinalizar para a comunidade internacional que o Brasil está compromissado com a agenda climática, num momento em que o país enfrenta a pior seca registrada desde 1950 e uma onda de queimadas cujos efeitos são vistos e sentidos no ar de várias regiões.

A avaliação é que a crise das queimadas tem ofuscado avanços do governo na área, como a diminuição do desmatamento na amazônia e a estagnação dos índices no cerrado.

Em outra sinalização para tentar responder à crise ambiental, Lula voltou a prometer, na terça (10), a criação de uma autoridade climática no país.

O presidente, porém, não indicou metas ou prazos para a criação do órgão, que foi uma de suas promessas de campanha nas eleições de 2022 e determinante no apoio de Marina Silva à sua candidatura.

A organização da COP funciona num sistema de troika: a presidência do ano se articula com a anterior (no caso deste ano, Emirados Árabes) e com a seguinte (Brasil).

Reuniões do trio ocorrem desde o início do ano, e o governo Lula já escalou diferentes representantes para participar: a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), a secretária de Mudança do Clima da pasta, Ana Toni, e o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty.

O presidente da COP é o responsável por costurar as negociações climáticas e construir a agenda da conferência.

Em Belém, o principal ponto das negociações deve ser a revisão do Acordo de Paris —que completará dez anos em 2025— e das chamadas NDCs, as metas de redução de emissão assumidas pelos países.

Pessoas que acompanham o assunto dizem que Lula já definiu seu escolhido, embora ainda não se saiba quem é. Na bolsa de apostas, o nome considerado favorito é o do diplomata André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty.

Nos últimos meses, diferentes auxiliares de Lula foram considerados para exercer o cargo, entre eles os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente). Um nome que também foi avaliado foi o do vice-presidente Geraldo Alckmin, que já acumula o ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Fora do circulo de ministros, outra candidata que sempre figurou na bolsa de apostas é Ana Toni. A secretária no ministério do Meio Ambiente, no entanto, sofre resistências no Palácio do Planalto e por setores do agronegócio por ter a maior parte da sua carreira ligada ao terceiro setor.

Além disso, um dos pontos vistos como barreiras tanto para Corrêa do Lago quanto para Toni é o fato de que tradicionalmente a presidência da COP seja exercida por um representante com status ministerial.

Assessores de Lula, porém, não veem esse ponto como um impeditivo caso o escolhido seja empoderado pelo presidente para tocar as negociações.

A COP em Belém é a grande aposta do terceiro governo Lula na área de clima. A cidade receberá dezenas de milhares de visitantes, numa conferência que carrega o peso simbólico de ser na amazônia e a primeira num país democrático desde 2021 (no Reino Unido).

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