Amazônia tem dias seguidos com mais de 3.000 queimadas simultâneas
Sequência não acontecia desde 2007, quando o Brasil tinha níveis de desmate tão altos quanto os atuais
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Em cinco dias de setembro, a Amazônia já soma quase 15 mil queimadas. Três desses dias registraram, consecutivamente, mais de 3.000 focos de calor. Uma sequência de valores tão altos, dia após dia, em setembro, não acontecia, pelo menos desde 2007.
Segundo dados do programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os primeiros cinco dias do mês atual já representam cerca de 89% do que foi registrado em todo o setembro de 2021 —o qual, porém, vale mencionar, ficou abaixo da média histórica para o mês.
Imagens de satélites referentes aos dias 5 e 6 de setembro já mostram uma longa nuvem cinza cobrindo o sul do Amazonas, Rondônia e o Acre.
Costumeiramente, os meses de agosto e setembro concentram uma parte expressiva das queimadas na Amazônia.
Sob o governo Jair Bolsonaro (PL), as queimadas nesses dois meses relembram a situação de mais de uma década atrás —em 2004 o país chegou a ter mais de 27 mil km² de desmate—, quando os níveis de desmatamento eram elevadíssimos e se buscava a reversão da curva de destruição.
Diversas vezes, nos últimos 20 anos, houve dias consecutivos de setembro com mais de 2.000 focos. Há, inclusive, dias seguidos com mais de 4.000 queimadas registradas pelo Inpe (como ocorreu em 2004, 2005 e 2007, por exemplo).
Já houve, inclusive, dias que extrapolavam a barreira das 6.000 queimadas simultâneas no histórico de setembro da Amazônia. O recorde para um único dia é de 6.738 focos de fogo, em 29 de setembro de 2007 —é desse ano o recorde absoluto de chamas em setembro: 73.141 focos.
A análise da Folha compara somente os valores correspondentes a setembro, com início em 2002. Foi nesse ano que entraram em operação novos e mais sensíveis sensores do Inpe para queimadas.
Queimadas e desmatamento são, de forma geral, relacionados. Desmatadores derrubam a mata, deixam que ela seque e, depois, no período seco amazônico (do qual fazem parte agosto e setembro), colocam fogo no material orgânico derrubado para "limpar" a terra.
Agosto deste ano também foi crítico em queimadas. Com mais de 33 mil focos de calor registrados pelo Inpe, trata-se do agosto com o maior número de focos desde desde 2010.
No dia 22 do mês passado, foi registrada a maior quantidade de queimadas para o mês de agosto em duas décadas: 3.358 focos. O mês foi cheio de altos registros. Quatorze dias com mais de 1.000 queimadas, com três acima de 2.000 focos —entre eles o dia 22.
Imagens de satélite do fim do mês passado também já mostravam amplas áreas amazônicas carimbadas pela fumaça. E a situação de agosto poderia ter sido ainda pior. Uma operação em Mato Grosso impediu um novo "dia do fogo", que estava sendo arquitetado por proprietários de terras em Colniza, uma das cidades com maiores números de queimadas no país.
Desde 2012, o desmate voltou a apontar tendências de crescimento, mas a destruição explodiu sob Bolsonaro, que já desde a eleição fala contra fiscalizações ambientais —Bolsonaro já foi multado por pesca ilegal— e, já eleito, chegou a desautorizar operação em andamento de combate a crime ambiental.
Com o aumento expressivo do desmate na Amazônia durante o governo Bolsonaro, não chega a ser surpreendente os dias com milhares de focos simultâneos que têm sido registrados.
O desmatamento é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Para conseguir cumprir sua meta climática, o país precisa, necessariamente, reduzir drástica e rapidamente a devastação da Amazônia, em especial.
O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.
Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do publicado anteriormente, a análise compara os valores correspondentes ao histórico de setembro, não de agosto.
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