Siga a folha

Mais de 60% dos recifes de coral do mundo podem ter sofrido branqueamento no último ano

No oceano Atlântico, 99,7% das estruturas estão sujeitos a estresse térmico

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Gloria Dickie
Reuters

Quase dois terços dos recifes de coral do mundo foram submetidos a estresse térmico pesado o bastante para desencadear o seu branqueamento no último ano, disse a principal agência de monitoramento de recifes de coral nesta quinta-feira (16).

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa, na sigla em inglês) anunciou no mês passado que os recifes de coral do mundo estão passando por um quarto evento de branqueamento em massa, à medida que a mudança climática, combinada com o fenômeno El Niño, elevou as temperaturas oceânicas a níveis recordes.

Agora, a agência relata que cerca de 60,5% da área de recifes do mundo foi afetada e esse número continua aumentando.

Coral branqueado na Costa dos Corais, em Japaratinga, no estado de Alagoas - Jorge Silva - 16.abr.2024/Reuters

"Estou muito preocupado com o estado dos recifes de coral do mundo", disse Derek Manzello, coordenador do Coral Reef Watch da Noaa em uma reunião mensal. "Estamos vendo [as temperaturas oceânicas] agora que são muito extremas por natureza."

Desencadeado pelo estresse térmico, o branqueamento de corais ocorre quando os corais expulsam as algas coloridas que vivem em seus tecidos. Sem essas algas parceiras, os corais ficam pálidos e vulneráveis à fome e a doenças.

Cientistas documentaram o branqueamento em massa em pelo menos 62 países e territórios, com Índia e Sri Lanka relatando os impactos recentemente.

O último evento global, que ocorreu de 2014 a 2017, impactou 56,1% das áreas de recifes sujeitas a estresse térmico de branqueamento. Eventos anteriores em 1998 e 2010 atingiram 20% e 35% da área de recifes, respectivamente.

Veja antes e depois de coral branqueado na costa brasileira

Corais da espécie Millepora alcicornis em Tamandaré (PE) em fevereiro de 2024, ainda saudáveis, e no mês seguinte, já branqueados devido ao excesso de calor marinho - Ágatha Naiara Ninow/Projeto PELD-Tams

Embora o evento atual tenha afetado uma área maior, Manzello disse que o evento de 2014-2017 ainda é considerado o pior já registrado devido à sua gravidade e persistência. Mas 2023-2024 pode, em breve, superá-lo, acrescentou.

CARIBE EM RISCO

Os corais no oceano Atlântico foram os mais afetados pelo aumento das temperaturas oceânicas, com 99,7% dos recifes da bacia sujeitos a estresse térmico compatível com branqueamento no último ano, disse a Noaa.

"O oceano Atlântico está fora dos gráficos [nas dimensões do problema]", disse Manzello.

Uma avaliação publicada em abril de 2024 constatou que até agora houve entre 50% e 93% de mortalidade de corais em Huatulco, em Oaxaca, no Pacífico mexicano.

A situação provavelmente piorará neste verão, pois o estresse térmico está se acumulando novamente no sul do Caribe. Em algumas áreas, o limite de estresse térmico para o branqueamento já foi ultrapassado.

"Isso é alarmante porque nunca aconteceu tão cedo no ano antes", disse Manzello.

Os cientistas esperam mais branqueamento no sul do Caribe, ao redor da Flórida e no Recife de Barreira Mesoamericano —o segundo maior recife do mundo— neste verão.

"El Niño está se dissipando, mas o oceano ainda está anormalmente quente. Não será necessário muito aquecimento adicional para ultrapassar o limite de branqueamento", disse ele.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas