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Bilionário japonês será 1º turista espacial da empresa SpaceX

Colecionador de arte e empresário da moda de 42 anos irá orbitar a Lua e levará artistas consigo

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Los Angeles

O bilionário japonês Yusaku Maezawa, famoso por desembolsar uma quantia recorde num quadro do artista Basquiat em 2017, pretende fazer história novamente ao virar o primeiro turista a orbitar a Lua. E, de quebra, deve levar meia dúzia de artistas de com ele.

O colecionador de arte, ex-músico indie e empresário da moda de 42 anos foi anunciado na noite desta segunda (17) como o passageiro misterioso pelo fundador da SpaceX, Elon Musk, na sede da empresa em Los Angeles. 

Musk afirmou que a viagem será feita com o megafoguete da empresa, o BigFalconRocket (BFR), que ainda não está pronto e deve custar US$ 5 bilhões (R$ 21 bilhões). A viagem de 4 a 5 dias, sem pouso na Lua, deve acontecer em 2023. Pelo menos esta é a previsão de Musk, conhecido por apertar demais os prazos e nem sempre cumpri-los.

O japonês Yusaku Maezawa durante entrevista coletiva - Chris Carlson/AP

“Estamos certamente incertos sobre a data de 2023”, disse. “Estamos fazendo tudo para ser o mais rápido possível e o mais seguro possível.”

“Não será um passeio no parque, é algo perigoso. Há chances de dar errado. Precisa ser uma pessoa muito corajosa para fazer isso.”

Maezawa irá levar consigo de 6 a 8 artistas, dentro de um projeto que ele batizou de #dearMoon.  Ele educadamente se recusou a dizer quanto pagou pelo projeto. Segundo estimativas, o valor estaria na casa das centenas de milhões de reais. 

“Desde pequeno sempre amei a Lua, sempre me inspirou. E se Picasso, Andy Warhol, John Lennon e Michael Jackson tivessem ido à Lua?”, disse o japonês. 

A coletiva contou com mais de cem jornalistas, num galpão da SpaceX onde funcionam escritórios e fábricas. Antes do anúncio, era possível ouvir barulhos de construção, ao lado de dois lançadores Falcon 9, na horizontal.

Na lateral, um ​banner do chão ao teto mostrava um desenho em escala real do fundo do BFR, chamado no jargão da SpaceX “octaweb”, para mostrar o contraste com o bem menor fundo do Falcon 9 de verdade ao lado.

A última vez que o homem orbitou, ou mesmo pisou na Lua, foi há 46 anos, na missão derradeira do programa Apollo da Nasa, em 1972. Apenas 24 astronautas, todos homens e americanos, já visitaram o satélite natural da Terra e apenas 12 desceram para uma caminhada lunar.

Concepção artística do foguete BFR, que deve levar os turistas espaciais da SpaceX em uma viagem em torno da Lua - Divulgação

Maezawa tem uma fortuna avaliada em US$ 3 bilhões (cerca de R$ 12 bilhões) pela revista “Forbes”. Em 2017, apareceu na imprensa do mundo todo ao pagar US$ 110 milhões (aproximadamente R$ 451 milhões) por uma pintura de Jean-Michel Basquiat (1960-1988), maior valor para uma obra de artista americano em leilão.

Além da extensa coleção de arte contemporânea, com a qual pretende abrir um museu no Japão, Maezawa é dono de um império de moda online no Japão. Sua empresa Start Today reúne uma série de lojas de roupas na internet, como a Zozotown, que declara ser a maior do país. Recentemente, lançou um serviço digital para tirar medidas do corpo e personalizar ternos e calças.

Ele começou sua carreira como músico. Deixou de ir à faculdade para tocar com sua banda de indie rock na Califórnia e, ao voltar ao Japão em 1995, passou a vender catálogos de CDs e discos pelo correio. Excêntrico, chegou a fazer um anúncio de resultados da Start Today vestido de cogumelo, em 2010.

Na última semana, Musk havia dado uma dica de que o passageiro seria japonês. No Twitter, ele respondeu com um emoji da bandeira japonesa aos que perguntavam se seria ele próprio. Desde então o nome de Maezawa tomou conta dos rumores.

Apesar do bom momento da SpaceX, Musk passa por tempos conturbados em sua outra empresa, a Tesla. As ações da montadora de carros elétricos chegaram a cair 6% no começo do mês, após Musk aparecer num programa de rádio e fumar maconha com o apresentador.

O CEO também chegou a dizer que tinha financiamento garantido para fechar o capital da Tesla quando as ações chegassem a US$ 420 (R$ 1.741). A SEC (comissão de valores mobiliários dos EUA) abriu um inquérito para investigar o caso.

Quer pagar quanto?

Ninguém sabe o preço do ingresso, mas há uma corrida intensa para se voltar à Lua.

A companhia de turismo americana Space Adventures, única que já levou turistas à Estação Espacial Internacional (ISS) com ajuda da agência espacial russa (oito no total), também quer embarcar seus clientes em direção à Lua, em voos orbitais, sem pouso. 

Não há previsão de quando. Uma assessora disse ao site The Verge que o preço poderia chegar a US$ 175 milhões (cerca de R$ 717 milhões). 

O primeiro turista espacial foi o engenheiro americano Dennis Tito, 78. Ex-cientista da Nasa, teria pago a Space Adventures US$ 20 milhões (por volta de R$ 82 milhões) para visitar à ISS, em 2001.

A Nasa paga US$ 80 milhões (R$ 328 milhões) aos russos por cada assento na Soyuz quando precisa mandar seus astronautas à ISS, já que não tem nave própria desde 2011. 

Já o Brasil teria pago US$ 10 milhões (R$ 41 milhões) para levar o astronauta Marcos Pontes à ISS, em 2006.

O gigantesco foguete de Musk

No começo de 2017, Musk afirmou que a empresa levaria dois turistas pagantes ao redor da Lua até o final de 2018. Na época, comentou que usaria seu foguete reutilizável Falcon Heavy. Porém, como algumas de suas promessas, o plano não se concretizou.

Agora a ideia é utilizar outro foguete, o Big Falcon Rocket (BFR), que tem mais de duas vezes a capacidade de carga útil do Falcon Heavy (150 toneladas em uma órbita terrestre baixa), mas que ainda não está pronto. 

O BFR é a menina dos olhos de Musk e sua aposta para conseguir chegar (e voltar) de Marte. Antes disso, a SpaceX pretende usar o foguete para levar cargas e astronautas à Estação Espacial Internacional, lançar uma rede de satélites para internet de baixo custo em todos os cantos do planeta e realizar voos espaciais para destinos terrestres

A SpaceX foi fundada há 15 anos na Califórnia. Apesar de alguns lançamentos terminarem em explosões no início, a empresa é hoje a única que consegue reutilizar seus foguetes fazendo-os retornar à Terra em pousos controlados.

Erramos: o texto foi alterado

Uma versão anterior desse texto informava que a Nasa tem o projeto Constellation para voltar à Lua em 2020, mas ele foi cancelado em 2010.

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