Siga a folha

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Sobrevoando o Rio

Uma cidade quase desaparecida está guardada nos filmes

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Cena do filme 'Roberto Carlos em Ritmo de Aventura', de 1968 - Divulgação

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

“Voando para o Rio” (1933), de Thornton Freeland, foi o primeiro filme a ter o Rio como protagonista. É também o primeiro em que aparece a dupla Fred Astaire e Ginger Rogers, bailando ao som de “The Carioca” (uma rumba envergonhada, não um samba rasgado). Na cena mais alucinante, aviões fazem acrobacias com mulheres dançando nas asas, enquanto surgem as paisagens aéreas de Botafogo, Urca, Copacabana. Se não bastasse, ainda tem a beleza luminosa de Dolores del Rio. É muito Rio num filme só, mas ninguém enjoou.

A cidade volta em “Interlúdio” (1946), o filmaço de Hitchcock. Cary Grant e Ingrid Bergman conversam num café da Cinelândia —o Amarelinho?—, e veem-se, mostrados em “back projection”, o Theatro Municipal, a Biblioteca Nacional, o Palácio Monroe. (Um dos transeuntes, garantia o escritor Carlos Heitor Cony, era seu irmão.) O casal beija-se num terraço da avenida Atlântica —e acreditamos que o amor existe.

Até aqueles que fizeram de “Orfeu do Carnaval” (1959), de Marcel Camus, um cult, reconhecem que a adaptação da peça de Vinicius de Moraes, com música de Tom Jobim, é um abacaxi francês. O que lhe salva são os planos feitos do morro da Babilônia, no Leme, ao alvorecer, varrendo em movimentos panorâmicos a praia de Copacabana e indo até o Pão de Açúcar.

Fechando a lista, mas não por último, está a incrível sequência de seis minutos em “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura” (1968), de Roberto Farias, diretor que morreu na segunda (14). Um sobrevoo de helicóptero, a baixa altura, rente aos edifícios e no qual a câmera entra túnel do Pasmado adentro. Nas imagens, lá estão (de novo) o Palácio Monroe antes da demolição, o Solar da Fossa antes da construção da horrenda torre Rio-Sul e o desaparecido Tabuleiro da Baiana, no largo da Carioca. 

Por cenas assim, 9 entre 10 obituários definiram Farias como um exímio artesão.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas