Desde 2012, quando se intensificaram os preparativos (e os gastos) para a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada no Rio, uma expressão tornou-se a mais falada e discutida: mobilidade urbana. Hoje, ao ouvi-la, o carioca leva imediatamente a mão ao bolso da calça, para sentir se a carteira continua lá.
Vamos ao roteiro da imobilidade. Os dois teleféricos, que juntos custaram R$ 328 milhões e transportavam mais de 20 mil passageiros por dia, estão parados. Não há prazo para que voltem a funcionar. Construído para ser um dos símbolos da revitalização (outra expressão que cheira a engodo) da zona portuária, o do morro da Providência acumula lixo. O do Complexo do Alemão, um dia comparado a uma estação de esqui nos Alpes, está com as gôndolas desmontadas.
Na zona sul, a ciclovia Tim Maia (custo de R$ 44,7 milhões) caiu em 2016, matando duas pessoas. Era a menina dos olhos do ex-prefeito Eduardo Paes. As investigações provaram que o desabamento foi resultado de uma sucessão de falhas primárias. Ciclistas e pedestres se arriscam sobre o costão de São Conrado sem saber se existe segurança. No geral, a malha de ciclovias é uma abstração.
Em agosto de 2011, um acidente com o bonde de Santa Teresa deixou seis mortos e mais de 50 feridos. A obra de recuperação, passados quase sete anos, não ficou pronta, paralisando o bairro inteiro. O Boulevard Olímpico, com o jogo de empurra das autoridades sobre sua manutenção, já virou um espaço com ares decadentes.
Avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha, as principais pistas expressas da cidade, sofrem com crateras e falta de iluminação. Nelas, a intimidade com arrastões e tiroteios é chocante. Outro dia, preso num engarrafamento na Linha Amarela, o prefeito Marcelo Crivella pegou carona na garupa de uma moto da guarda municipal. Escondido pelo capacete, circulou com desenvoltura.
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