Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
Milagre na Mangueira
Escola consegue um grande samba-enredo para o Carnaval
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Na década de 1950 houve uma espécie de golpe de Estado na Mangueira. Os baluartes Cartola e Carlos Cachaça, que mandavam e desmandavam na ala de compositores, foram “saídos” da escola. No lugar deles, entrou uma turma da pesada e cheia de novas ideias: Jurandir, Pelado, Cícero, Comprido, Geraldo da Pedra, Hélio Turco. Este, que na época jamais havia composto, se tornaria o recordista de vitórias em concursos de samba-enredo. Venceu 16 vezes na Estação Primeira e duas na Mangueira do Amanhã.
O episódio revela a importância da ala de compositores. Antes soberana na hora de mandar nos destinos da escola, porque também decidia o tema do desfile, hoje ela praticamente acabou. Qualquer pessoa pode concorrer à disputa do samba. Desde que tenha grana para contratar torcida e bancar os custos de estúdio, cantores, músicos, ônibus, camisas, cerveja e churrasco.
Compor virou um detalhe dentro da operação empresarial. Logo, surgir um grande samba-enredo é como esperar um milagre. Aos 83 anos, Hélio Turco chegou à final da disputa na Mangueira, mas não levou. Perdeu para um desses milagres: a composição de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino para o enredo “História Para Ninar Gente Grande”.
O carnavalesco Leandro Vieira misturou a vida de personagens nem sempre lembrados: o índio Cunhambebe; Maria Felipa, que lutou pela independência da Bahia; o jangadeiro Chico da Matilde, que comandou o movimento contra a escravidão no Ceará. A vereadora Marielle Franco completa a galeria. Poucas vezes um samba traduziu tão bem a proposta do enredo. Arrojo, emoção, revolta e pelo menos um verso antológico: “Tem sangue retinto pisado atrás do herói emoldurado”.
Difícil é explicar como o presidente da escola, o deputado Chiquinho da Mangueira, está preso, acusado de receber um mensalinho.
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