Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
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Enchentes no Rio, como todo carioca sabe, são esperadas e devastadoras. Na época da fundação, o padre jesuíta José de Anchieta já alertava numa carta para a fúria e a grande intensidade com que as águas caem e castigam a cidade: “Choveu tanto que se encheu”. Igual ao temporal de quarta (6), com ventos de até 110 km/h, que matou seis pessoas, além de novamente alagar ruas e casas e derrubar árvores e encostas.
No século 19, as enchentes continuavam e na mesma altura do ano que as de agora. A principal delas, em fevereiro de 1811, ficou conhecida como “águas do monte”, pela destruição que causou no morro do Castelo, com desabamento de casas, muralhas e barracos, deixando inúmeras vítimas sobre as ruínas.
As informações são da historiadora Andréa Casa Nova Maia, que reuniu num artigo relatos de cronistas acerca dessas inundações. Andréa revela que d. João 6º, chegado de Portugal um pouco antes, exigiu um inquérito sobre a enchente no morro do Castelo. As causas encontradas eram “a falta de conservação das valas e drenos pelos entulhos de lixo e demais imundícies lançados nelas”.
Sem tirar nem pôr, a mesma coisa de hoje. O que fez a prefeitura? Nos últimos cinco anos, reduziu em 77% os gastos com o controle de enchentes. Crivella chegou a propor um sistema de “bueiros eletrônicos”, com sensores para controlar o lixo, ao mesmo tempo que simples lixeiras sumiram das ruas.
Mas nem d. João foi capaz de ombrear-se com o governador Wilson Witzel. Trajando um vistoso colete da Defesa Civil sem qualquer vestígio de lama, ele culpou a ocupação de encostas e morros. Só faltou apontar para os favelados.
No Ninho do Urubu —onde um incêndio matou nesta sexta (8) dez atletas adolescentes— morava um dos mais belos sonhos que se pode ter na vida: ser jogador de futebol.
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