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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

A cura aos pés do Senhor

Diante da Covid-19, governantes sempre dão um jeito de piorar o que já estava errado

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“Se uma série de acontecimentos tiver de dar errado, isso acontecerá do pior modo possível.” A lei de Murphy explica como governantes incompetentes e suspeitos têm se comportado diante da pandemia de Covid-19 no Brasil das mil mortes diárias.

Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é a terceira cidade mais populosa do estado, com quase um milhão de habitantes, a maioria de baixa renda. Batizada em homenagem ao patrono do Exército, berço da escola de samba Grande Rio, no passado área de atuação do Esquadrão da Morte e hoje de milícias paramilitares, registrou o primeiro caso de coronavírus em março.

Na época, o prefeito bolsonarista Washington Reis era contra o isolamento social e, sobretudo, a favor do funcionamento das igrejas evangélicas (“A cura virá de lá, dos pés do Senhor”, pregava). Em abril foi diagnosticado com Covid-19. Teve de mudar o discurso, mas era tarde: as pessoas continuam a se aglomerar nas ruas e o comércio se recusa a fechar as portas. Caxias é o segundo município do Rio com maior número de vítimas da doença, atrás da capital.

No melhor estilo pastor da sacolinha, Reis gravou um vídeo pedindo doações em dinheiro que, segundo ele, seriam repassadas a famílias pobres. Só que a prefeitura, nos últimos sete meses, reservou um pagamento de R$ 72,3 milhões para a empresa Atrio-Rio, ligada ao empresário Mário Peixoto, preso na Operação Favorito, que apura desvios de verba da Saúde no governo estadual. As informações estão no blog do jornalista Ruben Berta, que ainda revela que os empenhos foram realizados sem contrato.

Peixoto é cupincha do governador Wilson Witzel, tendo financiado sua campanha eleitoral. WW —que prometeu hospitais de campanha que não serão construídos ou concluídos— usa politicamente a pandemia para diferenciar-se de Bolsonaro. Mas é mais um a colaborar com a mortandade.

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