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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Propina sem colarinho

Nunca foi tão complicado beber um chope depois do trabalho

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Como a CPI da Covid está provando, beber um chope depois do trabalho é mais complicado do que parece. Pode dar cadeia. E até nota de repúdio das Forças Armadas. Aos não iniciados na função recreativa, recomenda-se uma conversa com o cartunista Jaguar, com décadas de experiência em apoiar os cotovelos em mesas de mármore, ou a leitura dos cronistas Paulo Mendes Campos e José Carlos (Carlinhos) Oliveira, cujas dicas são preciosas e evitam futuros dissabores.

O caso em questão envolve amadores. Nem o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias nem o cabo da Polícia Militar Luiz Dominghetti estavam interessados no "chope da saúde, gelado de doer no doente", nas palavras de Tom Jobim, outro especialista. Ao que tudo indica, o negócio deles eram vacinas e propinas.

Primeira falha de caráter que identifica o mau bebedor: chope, de preferência, deve ser consumido em bares de calçada ou nos que têm vista para o movimento das ruas e das esquinas. Nunca em shoppings fechados e refrigerados de Brasília. E jamais servido em canecas gigantescas. Pela simples razão de que, em minutos, o precioso líquido ficará morno e intragável. Os tipos de copo apropriados são caldereta, garoto (caldereta menor) e garotinho (menor ainda). Na falta deles, tulipa. Desconsidere denominações como lager, pint, snifter, trapist. Não beba de canudinho: é porre na certa.

Pedir sem colarinho é crime inafiançável. Não precisa ser um colarinho de palhaço, exagerado na pressão. A arte é deixar dois dedos de espuma como proteção. Ao se levantar para ir ao banheiro, estique o pescoço para dentro do balcão e confira se a bebida está sendo tirada direto da chopeira.

Uma proposta indecente (e em dólar) pode fazer com que o chope desça mal, causando engasgos e soluços. Para parar com este último, é preciso beber, de uma só talagada, pela borda contrária do copo, apoiando a cabeça na mesa.

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