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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

De esparros e esbirros

Governo Bolsonaro é o habitat perfeito para esses tipos

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Em recente coluna, Ruy Castro tratou dos esbirros de Bolsonaro. Antes definiu a palavra, cujo uso tinha sido guardado numa cristaleira desde os tempos da ditadura Vargas, para que não houvesse confusão com espirro. Em seus muitos sinônimos, esbirro é um guarda-costas, um capanga, um jagunço, um quadrilheiro e, modernamente, seu significado pode definir milicianos de Rio das Pedras com conexões em Brasília.

Na explicação, Ruy lembrou que um esbirro é diferente de um esparro. Este é "aquele que dá um esbarro na vítima para o punguista bater-lhe a carteira". Segundo o dicionário Caldas Aulete, a expressão tem origem no lunfardo, o subsistema linguístico gerado no meio marginal de Buenos Aires que nos deu otário, mina, farra, fajuto, gatuno, bronca, calote, afanar, estrilar —todas assimiladas, via praça Mauá, pelos malandros do Rio.

O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do vice-presidente, general Hamilton Mourão, e dos comandantes das Forças Armadas, participa de cerimônia da Troca da Guarda do Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 28.nov.19/Folhapress

Já usei aqui o termo esparro, mas com outra acepção: aquele que ocupa posição subalterna e é obrigado a cumprir ordens. Nas brincadeiras de garoto, quase um sinônimo de escravo. Dei como exemplo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que agiu para retardar a vacinação infantil agradando o chefe. O bom esparro obedece às cegas e ainda se esforça para puxar o saco, como fez Queiroga ao dizer que a primeira-dama Michelle Bolsonaro "é a mãe de todos os brasileiros".

No entanto, o prêmio de esparro da semana ninguém tira da deputada federal Bia Kicis, que ilegalmente vazou no WhatsApp dados pessoais de três médicos que defenderam a imunização de crianças na audiência pública convocada pelo Ministério da Saúde. Foi a senha para que os esbirros entrassem em ação com ofensas e ameaças na internet.

Esbirros e esparros são primos próximos que encontraram no governo o habitat perfeito. A mando de Bolsonaro, agem por dentro das instituições com a finalidade de destruí-las. Para não dar pinta demais, eles se revezam no cumprimento dos atos de baixeza.

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