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Presos vão ocupar vagas de trabalho abertas pelo 'brexit'

Governo quer diminuir população carcerária e pode liberar até detentos com crimes graves

Manifestante contrário à saída britânica da União Europeia protesta em frente ao Parlamento, em Londres - Hannah McKay - 2.mai.18/Reuters

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O governo britânico vai liberar presidiários para trabalhar e ocupar vagas no mercado abertas pelo 'brexit'.

O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça, David Gauke, que quer promover uma mudança profunda no sistema carcerário, diminuindo muito o número de presos nas penitenciárias do país.

A ideia é oferecer a presos com bom comportamento uma licença para trabalhar ou até mesmo a redução de suas sentenças, em alguns casos.

Segundo o ministro, a saída do Reino Unido da União Europeia vai oferecer a oportunidade ideal para que esses presos consigam emprego em áreas como construção, restaurantes, indústria da alimentação e na agricultura.

Todos esses setores dependem muito de imigrantes, mas centenas de milhares de vagas estão abertas no momento porque diminuiu muito o fluxo de cidadãos europeus vindo para o Reino Unido em busca de trabalho desde que o 'brexit' venceu o plebiscito de 2016.

E a situação tende a piorar, já que o governo quer restringir cada vez mais a imigração para o Reino Unido.

Como esses setores não pagam salários altos e não conseguem atrair jovens britânicos mais qualificados, a lógica mostra que os presos poderiam de fato se colocar no mercado de trabalho –e se recuperar para deixar o crime.

Segundo Gauke, podem ser considerados para as licenças até mesmo presos que tenham cometido alguns crimes considerados mais graves. Prova de que o governo realmente está ansioso para diminuir o número de presos e conseguir preencher as vagas no mercado de trabalho.

Mas o plano vai ter que contar com os empregadores, que tendem a ter preconceito com os presos.

Poucas empresas têm políticas para admitir ex-presidiários em seus quadros, mas o governo também trabalha para tentar mudar isso.

É possível que algum tipo de incentivo seja adotado para estimular a contratação dos presos. No momento, os políticos estão apenas elogiando publicamente as empresas que já fazem isso.

Além das licenças, o governo começa a fazer o discurso de que menos pessoas devem ser enviadas para a cadeia por pequenos crimes e contravenções.

O secretário de prisões do país, por exemplo, disse que os condenados a 12 meses de cadeia ou menos nem deveriam ser presos.

Esse novo conceito revela uma mudança profunda na política carcerária do Reino Unido.

Nos últimos 25 anos, o número de presos no país simplesmente dobrou: de 44 mil para 84 mil presos.

Isso aconteceu porque as autoridades decidiram assumir o fácil discurso da linha dura contra a criminalidade, mandando para a prisão mais pessoas que cometeram infrações e contravenções leves.

Depois de muitos anos, o governo parece ter concluído que essa política não está funcionando. Até porque algumas taxas de criminalidade não estão diminuindo.

Resta saber se o governo vai manter essa nova política mesmo que parte do eleitorado conservador comece a reagir negativamente à liberação dos presos.

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