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É empreendedora social e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora). Vice-presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República

A falta de representatividade feminina e a síndrome de ser a única

Nós mulheres não somos minorias, nós somos minorizadas

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No que vocês pensam quando se deparam com a palavra "única" em uma situação? Em muitos casos, o adjetivo é utilizado em um contexto positivo, em que um indivíduo é considerado único por alguma característica. Mas eu e outras milhares de mulheres já fomos e ainda somos consideradas únicas em situações em que deveríamos ser muitas.

Quem me acompanha sabe que trabalhei durante 20 anos em uma empresa multinacional antes de começar a empreender. Dentro dessa companhia eu também era única, mas no sentido de ser a única mulher em um cargo de liderança. E vocês já imaginam que ser a única representante feminina dentro de uma grande corporação ocupada majoritariamente por homens não é uma tarefa fácil.

Ser a única está bem longe de ser algo positivo, pelo contrário: mostra que ainda temos que percorrer um longo caminho para vermos cada vez mais mulheres em posições de poder - Adobe Stock

Além de sentir falta da presença de outras mulheres nestes cargos, não só no sentido de representatividade, mas também porque sentia falta de uma rede de apoio para mim e para outras colaboradoras que trabalhavam lá, ainda era deixada de fora dos "roles dos parças" porque não era um homem. Então os convites para os almoços, os happy hours e os churrascos na casa de algum líder no final de semana nunca chegavam até mim.

A reflexão que desejo trazer não é especificamente da minha vivência neste cenário. Na verdade, vim mostrar que muitas mulheres passam por isso e como essa realidade é um fardo para elas. Nestes casos, ser a única está bem longe de ser algo positivo, pelo contrário, mostra que ainda temos que percorrer um longo caminho para vermos cada vez mais mulheres em posições de poder.

Como eu sempre digo nas palestras que faço, nós mulheres não somos minorias, nós somos minorizadas. Até porque, em números, somos mais da metade da população brasileira. Porém, mesmo sendo a maioria, ainda sofremos com a segregação e desvalorização de uma sociedade patriarcal.

Por isso, faço um apelo não só para você, mulher, mas para todos que estão lendo esta coluna: vamos fazer nossa parte para tirarmos as profissionais femininas desse status de única. Devemos trabalhar para que cada vez mais estejamos presentes em todos os espaços e cargos, que sejamos únicas por nossas características individuais e não como a única mulher num cargo de liderança dentro de uma empresa com milhares de funcionários. Várias e diferentes pesquisas afirmam, uma após a outra, como a presença maior de mulheres nestes espaços é benéfica para o mercado e para a economia.

Concluindo, é essencial entendermos que o conceito de "única" não deve ser um marcador de exclusividade e isolamento no ambiente de trabalho, mas sim um reflexo da diversidade que buscamos e necessitamos.

A realidade é que, ainda hoje, muitas mulheres enfrentam a árdua tarefa de serem a única representante feminina em cargos de liderança, uma situação que sublinha a urgência da inclusão genuína. Portanto, nosso compromisso deve ser não apenas reconhecer a importância de ter mulheres em todos os espaços, mas também garantir que a porta esteja sempre aberta para que mais mulheres possam trilhar caminhos de sucesso e liderança ao nosso lado. A verdadeira transformação virá quando não precisarmos mais celebrar a presença feminina como uma exceção, mas sim como uma norma natural e enriquecedora do ambiente profissional.

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