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Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

Autonomia militar

Solução 'civilizada' para o problema da Venezuela está nas mãos de suas Forças Armadas

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Qualquer atlas mundial revela um arquipélago com ilhas (nações) claramente separadas, mas com separações internas não visíveis. Entre elas, em geral, tudo é permeável, exceto a população! A experiência lhes ensinou que a autossuficiência produtiva é ineficiente. 

Há cerca de 200 anos, o grande economista David Ricardo “demonstrou” (trata-se de uma relação matemática entre duas desigualdades) que a eventual liberdade de comércio produziria, no longo prazo (quando todo processo produtivo interno tiver se ajustado), um aumento do bem-estar geral. 

O problema é o que fazer com os perdedores desajustados no curto prazo, mas isso é outra história...

As ilhas (as nações) são independentes e querem continuar assim. Têm interesses antagônicos. Cultivam desconfianças históricas e precisam defender o seu território. Sabem que os organismos multilaterais (ONU, OMC) tendem a ser palcos de reuniões literomusicais, sem efetividade para isso. 

Logo, impõem-se sérios cuidados às nações que querem manter a sua independência num mundo onde a insegurança e a desconfiança se acumulam. Desde tempos imemoriais, elas aprenderam que, para gozar da relativa liberdade de determinar o seu futuro, precisam de três autonomias: 

1. energética, para manter funcionando sua máquina produtiva; 2. alimentar, para sustentar a sua população nas condições mais adversas; 3. militar, com capacidade dissuasiva para defender seu território e recursos de eventual cobiça externa.

Os conflitos externos estão longe de nós há 150 anos. Suspeito que hoje estejam mais perto. A solução “civilizada” para o problema da Venezuela está nas mãos de suas Forças Armadas. 

Desde 2005, a megalomania de Chávez envolveu-a numa fabulosa e sofisticada “corrida armamentista” com assistência e treinamento russo, além de armar milicianos. Tudo alegremente financiado por Putin. Estrategista frio e determinado, seu objetivo é a reconstrução do império russo na Europa, no que tem sido bem-sucedido. 

A Venezuela é, provavelmente, apenas um “peão” nesse xadrez, mas o resultado do jogo foi a destruição do equilíbrio militar na América Latina, o que deve nos preocupar. 

O psicopata Trump, por sua vez, pôs Xi Jinping (que deseja ampliar sua influência na Ásia) no colo de Putin. Não creio que este tenha, de fato, a intenção de estabelecer uma base naval no Caribe. Mas a Venezuela colocou nas suas mãos (com o apoio de Xi) o movimento de uma peça que pode sair muito caro à política externa dos EUA.

O “Lago Azul” proposto pelo senador Marco Rubio pode terminar num vazamento igual ao de Brumadinho...

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