Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Um ano após prisão, PT tenta ressuscitar o lulismo sem Lula

Partido faz aposta arriscada para preservar bases e recuperar eleitor mais pobre

O ex-presidente Lula, em Curitiba (PR) - Rodolfo Buhrer - 2.mar.19/Reuters

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Do alto do carro de som, horas antes de ser levado para Curitiba, Lula jogou um último laço em direção a seus apoiadores fiéis. Dizendo mais uma vez que era alvo da elite, o ex-presidente alegou ser perseguido por ter dado oportunidades à população mais pobre. “Se esse é o crime que eu cometi, vou continuar sendo criminoso neste país, porque vou fazer muito mais”, ironizou.

Um ano depois que a porta da carceragem da Polícia Federal se fechou, o PT ainda tenta reviver um lulismo sem Lula. Sem a figura do ex-presidente na frente de batalha, o partido briga para reter e recuperar eleitores nos grupos de baixa renda.

A última pesquisa do Datafolha mostra que, na faixa mais pobre da população, a simpatia pelo PT chega a 18% do eleitorado. Na reta final da última eleição, quando a propaganda ainda realçava as cores partidárias, esse índice era de 27%.

A população de baixa renda ainda é uma fortaleza dos petistas. Legendas como PSL e PSDB marcam apenas 2% das preferências nesse bloco, enquanto 63% dizem não ter partido.

Para reforçar sua trincheira, o PT aposta num coquetel potencialmente indigesto. O partido mistura a ressurreição da campanha “Lula livre” com uma artilharia pesada contra as reformas econômicas de Jair Bolsonaro. O objetivo é renovar a memória do governo do ex-presidente e difundir o temor da retirada de direitos com o ajuste na Previdência.

As ações pela libertação de Lula são vistas no partido como uma missão permanente. A sigla reconhece que o petista preservou parte da força entre os mais pobres, apesar dos 365 dias na cadeia. Dirigentes temem apenas que o esforço barre o surgimento de novos líderes na legenda.

A segunda parte da estratégia também carrega riscos. Em 1994, o PT fez campanha contra o Plano Real, mas a nova moeda deu certo e Fernando Henrique ganhou a eleição. Embora tenham se beneficiado do desgaste do PSDB oito anos depois, os petistas decidiram adotar uma agenda de ajustes na economia antes mesmo de assumirem o poder.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas