Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu América Latina

Lula atravessa o Malecón para escorregar numa casca de banana

Petista abre mão de marcar posição firme em momento de erosão da democracia no Brasil

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Lula atravessou o Malecón e correu para escorregar numa casca de banana do outro lado da avenida. Pela manhã, o ex-presidente afirmou que não entendia o que havia "de tão especial" nos protestos registrados em Cuba, os maiores em quase três décadas. O petista descreveu os atos como "uma passeata" e tratou o episódio de maneira singela: "As pessoas se manifestam".

Nem o regime comandado por Miguel Díaz-Canel foi tão generoso na avaliação dos protestos. O líder cubano percebeu que aquela não era só "uma passeata". Ele chamou os manifestantes de "delinquentes", acionou a polícia, pediu que apoiadores tomassem as ruas para neutralizar opositores e bloqueou o acesso à internet em diferentes pontos do país.

O petista fez um esforço para ignorar a repressão oficial aos protestos e os elementos políticos que deram peso às manifestações. Lula destacou que as dificuldades enfrentadas pelo povo cubano têm o peso perverso do embargo americano à ilha, mas abriu mão de marcar uma posição firme num momento de erosão da democracia em diversos países, incluindo o Brasil.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições municipais de 2020 - Amanda Perobelli/Reuters

O ex-presidente sabe que "as pessoas" não "se manifestam" normalmente em Cuba. A ditadura reprime atos e monitora críticos do regime. Nos últimos dias, foram presas mais de 100 pessoas que têm alguma relação com os protestos, segundo organizações de direitos humanos. O próprio presidente do país disse que os manifestantes tiveram "a resposta que mereciam".

Lula apontou que não se viu "nenhum soldado em Cuba com o joelho em cima do pescoço de um negro, matando ele" –como se a brutalidade policial que assassinou George Floyd e outros americanos estabelecesse uma escala de repressão.

Embora Cuba seja um item de expressão modesta na política externa brasileira, Lula mostra que o PT ainda trata a ilha como uma relíquia diplomática. A defesa do fim do embargo americano, peça-chave nessa agenda, poderia vir acompanhada de cobranças pela abertura do regime.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas