Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Jogada ensaiada no STF pode ajudar Bolsonaro durante a campanha

Atuação de ministros mantém vale-tudo e abre caminho para presidente contestar eleições

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O treinador Jair Bolsonaro tinha ensaiado a jogada. Quando Kassio Nunes Marques mandou abrir igrejas no auge da pandemia, em abril de 2021, o presidente comemorou a decisão individual e disse desejar que o julgamento no STF fosse interrompido a pedido de outro ministro. "Espero [...] que a liminar seja mantida ou que alguém peça vista", declarou.

Naquela época, Nunes Marques era o único representante de Bolsonaro no tribunal, e a decisão acabou derrubada no plenário. Mas o ministro logo ganhou companhia.

A tabelinha com André Mendonça para tumultuar a cassação do deputado estadual Fernando Francischini mostra que há gente disposta a aliviar a barra de políticos que espalham suspeitas falsas sobre as eleições. Na prática, isso significa manter o vale-tudo da desinformação e deixar o caminho livre para Bolsonaro contestar o resultado da disputa.

A manobra interessava ao presidente porque a cassação do parlamentar tinha sido estabelecida pelo TSE como precedente para punir quem ataca o processo eleitoral. Nunes Marques anulou a decisão, e Mendonça atuou para suspender o julgamento no plenário do Supremo, que resultaria numa derrota dos bolsonaristas.

Kassio Nunes Marques e André Mendonça após encontro na residência oficial da presidência do Senado, em 2021 - Pedro Ladeira/Folhapress

No fim das contas, a punição foi mantida pela Segunda Turma do STF, mas o episódio é uma amostra da confusão que os dois ministros podem criar na campanha. Com esse empenho, a dupla terá força para interferir em decisões do TSE e proteger o grupo político de Bolsonaro.

O cerco da corte eleitoral é uma preocupação do presidente. Na semana passada, ele desafiou ministros a rejeitarem sua candidatura pela disseminação de informações falsas sobre o processo eleitoral. "Não tem nenhum maluco querendo cancelar minha candidatura por fake news. É brincadeira", ironizou.

A ação da dupla bolsonarista ajuda o presidente porque reforça uma falsa divisão política nos tribunais. Bolsonaro admite que Nunes Marques e Mendonça estão com ele, mas vende a ideia de que os outros ministros trabalham pela eleição de Lula.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas