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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Aprovação de bondades aumenta dívida de Bolsonaro com centrão

Se benefícios criarem chance de reeleição, políticos vão querer remuneração generosa

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O Congresso entregou a Jair Bolsonaro um segundo tanque de oxigênio. Depois da ajuda para mexer no preço dos combustíveis, aliados do governo deram ao presidente acesso livre aos cofres públicos para pagar um pacote de benefícios sociais durante a campanha eleitoral. O presente aumenta ainda mais a dívida do Planalto com o centrão.

Sete de cada dez deputados votaram a favor de afrouxar regras eleitorais para ajudar Bolsonaro. O governo só conseguiu o placar confortável graças a uma operação coordenada pelos chefes do centrão, com bilhões de reais despejados em redutos políticos dos parlamentares.

O controle sobre a verba das emendas de relator deu ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e ao ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) uma influência sem precedentes sobre votações no Congresso. Lira ainda completou a jogada com manobras para garantir uma supermaioria e evitar que a votação fosse adiada.

O centrão investe na reeleição porque acredita que um segundo mandato de Bolsonaro garantiria ao bloco uma remuneração generosa. Quando fecharam a aliança com o presidente, esses políticos venderam o diagnóstico de que o governo estava paralisado e que só um grupo de profissionais seria capaz de criar alguma chance de vitória nas urnas.

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), conversam atrás de Jair Bolsonaro durante evento em 2021 - Adriano Machado/Reuters

Se o pacote de bondades e outras medidas levarem a uma recuperação que mantenha Bolsonaro no Planalto, a cobrança do centrão virá à altura. Além de mandar no Orçamento e no coração político do governo, o bloco deve abocanhar uma fatia maior de ministérios e ter mais voz na agenda econômica.

Não à toa, Paulo Guedes passou a falar o idioma do centrão. O ministro era contra driblar regras do controle de gastos para pagar benefícios eleitoreiros e chamava o projeto de PEC Kamikaze. Agora, ele diz que o texto deve ser conhecido como "PEC virtuosa das bondades".

Uma vitória de Lula frustraria os planos dos líderes do centrão. Mas a maioria deles sabe como obter um bom retorno em tempos adversos.

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