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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

PGR faz ensaio para livrar Bolsonaro por ataque à eleição

Equipe de Augusto Aras trata presidente como vítima de seus interesses políticos e do próprio obscurantismo

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A Procuradoria-Geral da República conseguiu emoldurar um retrato da incompetência de Jair Bolsonaro. Foi um acidente, é claro. A equipe de Augusto Aras se esforçou tanto para proteger o presidente das acusações da CPI da Covid que acabou reconhecendo uma ficha corrida de negligência, escolhas erradas e atrocidades do governo na pandemia.

A vice-procuradora Lindôra Araújo trata Bolsonaro como uma vítima de seus interesses políticos e do próprio obscurantismo. Ao livrar um presidente que incentivou a exposição do país ao vírus sob a falsa proteção da cloroquina, a PGR argumentou que "ele acreditava sinceramente que o uso desses fármacos auxiliaria no combate à doença".

Lindôra também alega que Bolsonaro nunca atuou "com a intenção de gerar risco" aos cidadãos por recusar o uso de máscaras. A prova disso, segundo ela, é que o presidente sempre ignorou o equipamento, o que seria "um padrão de conduta que guarda sintonia com seu agir político desde o início da pandemia".

A auxiliar de Aras vai longe para defender Bolsonaro. Afirma que as escolhas do governo eram parte de uma "lógica para o enfrentamento do cenário pandêmico" e que o presidente da "gripezinha" não desconsiderou a gravidade da doença, mas preferiu levar em conta a economia.

Vice-procuradora-geral Lindôra Araujo durante encontro de Augusto Aras com correspondentes estrangeiros - Evaristo Sá/AFP

Um bom advogado não teria desenvoltura para transformar tantos desatinos em linhas de defesa. Mas a PGR basicamente afirma que o presidente não deve ser responsabilizado porque age por razões políticas e escolheu acreditar em algo que os cientistas diziam ser absurdo.

Seria pedir demais que a Procuradoria-Geral fizesse seu trabalho, mas Lindôra faz questão de enterrar essa ilusão: "A discordância desse posicionamento, se merece alguma reprovação, deve ser dirimida no campo político, não no processo penal".

Em breve, os amigos de Bolsonaro na PGR poderão livrá-lo mais uma vez. Basta dizer que ele "acredita sinceramente" que as urnas são fraudadas e que o golpismo "guarda sintonia com seu agir político".

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