Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu datafolha

Bolsonaro tem um plano peculiar para virar votos de jovens

Presidente pede que pais convençam os filhos e diz que garante celular funcionando

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Jair Bolsonaro tem um plano peculiar para contornar o mau desempenho de sua campanha entre os mais jovens. Em pelo menos três eventos nas últimas semanas, ele pediu que os pais tentem convencer os filhos a votarem nele, não em Lula. Como argumento, o presidente insinuou que o petista vai limitar o uso de redes sociais.

"É chegar para o mais jovem e falar: 'Olha, quem está garantindo o teu celular funcionar é o presidente. Será que do outro lado alguém quer controlar a mídia?'. É só mostrar para o garoto", afirmou Bolsonaro, durante um encontro da Assembleia de Deus em Juiz de Fora (MG). "Falem para os filhos de vocês."

A campanha do presidente tem motivo para preocupação. A maior vantagem de Lula sobre Bolsonaro nas pesquisas está nessa fatia do eleitorado. No grupo de 16 a 29 anos, o petista bate o presidente por 31 pontos no primeiro turno, segundo a última pesquisa do Datafolha. Só 13% desses jovens fazem uma avaliação positiva do governo federal.

Essa faixa etária representa mais de 37 milhões de votos em disputa neste ano, cerca de 24% do eleitorado. São brasileiros que tinham até 17 anos ao fim do governo Lula, mas têm demonstrado afinidade pela candidatura do petista até agora.

Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto em 2019 - André Coelho/Folhapress

A campanha de Bolsonaro acredita que esse apoio não está consolidado. Pesquisas recentes já mostraram que quase 40% dos jovens admitem mudar de voto. A má notícia para o presidente é que seu índice de rejeição nessa faixa etária é de 67%, contra 32% de Lula.

O esforço para capturar eleitores apelando aos pais ou ao medo de perder o celular tem explicação: Bolsonaro não fala a língua de parte dos jovens. Eles apresentam uma adesão abaixo da média a posições conservadoras típicas do bolsonarismo e veem com simpatia a participação do Estado na economia.

Um sinal disso apareceu numa conversa de Bolsonaro com apoiadores na quinta-feira passada (21). Ele reclamou do que chama de doutrinação nas escolas e ironizou jovens que o responsabilizam pela falta de emprego. "Você tem que correr atrás", disse.

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