Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu ameaça autoritária

Reação de Bolsonaro a manifestos reflete político com poder em xeque

Presidente recicla figurino antissistema para atacar poderosos, mas fantasia envelheceu mal

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Às vésperas do comício golpista do 7 de Setembro do ano passado, Jair Bolsonaro soube que a Fiesp preparava um manifesto pedindo "harmonia entre os Poderes". Conhecendo o próprio comportamento belicoso, o presidente não gostou do movimento e trabalhou para esvaziar a ideia. Deu certo: o texto só saiu dias depois do feriado, numa versão que parecia mais amena para o governo.

Bolsonaro não conseguiu desarmar a bomba pela segunda vez. Sem força nos bastidores para derrubar o manifesto pró-democracia que a indústria paulista lança na próxima semana, o presidente decidiu enfrentar publicamente aquela turma. Na semana passada, ele reclamou que o documento era uma "nota política" contra si e a favor de Lula.

A reação de Bolsonaro é o reflexo de um presidente que vê o próprio poder em xeque. Os empresários enxergam a mesma figura que ele observa quando se olha no espelho: um político mais frágil, com alguma dificuldade para sobreviver no cargo e disposto a manobras perigosas.

Restou a Bolsonaro a tarefa de buscar alguma contenção de danos. Sem o aliado Paulo Skaf no comando da Fiesp, o presidente apontou de maneira nada sutil sua indisposição com o novo chefe da federação, Josué Gomes da Silva, que ele descreveu como "nosso querido filho do ex-vice-presidente do Lula".

Ao pintar o manifesto como uma jogada para beneficiar o PT, ele tenta evitar que o mau humor dos empresários transborde para mais setores. Até aqui, a tintura não pegou.

O presidente também jogou para o campo adversário os mais de 600 mil signatários da carta que deve ser lida na USP na semana que vem. E foi mais longe: disse que são pessoas "sem caráter", artistas "desmamados na Lei Rouanet" e comunistas.

Como última cartada, Bolsonaro reciclou seu figurino antissistema para argumentar que as ações em defesa da democracia são um sinal de que ele incomoda os poderosos. Qualquer pessoa que acompanhou seus anos de governo sabe que essa fantasia envelheceu mal.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas