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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Disputa da gasolina deixa sequelas na dinâmica do governo Lula

Briga por influência na economia obriga Haddad e Gleisi a se reconhecerem como adversários públicos

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A queda de braço sobre a tributação de combustíveis deixou algumas sequelas na dinâmica do governo Lula. A disputa obrigou o ministro da Fazenda e a presidente do PT a se reconhecerem como adversários públicos e fez com que a briga por influência sobre a política econômica deixasse de ser travada só nos corredores do Palácio do Planalto.

Os dois lados trabalharam para que a desavença ficasse visível. Gleisi Hoffmann tinha Fernando Haddad na mira quando afirmou que a proposta de voltar a cobrar tributos era "descumprir compromisso de campanha". Haddad, por sua vez, quis deixar claro que a decisão final de Lula foi uma derrota para Gleisi, embora ela tivesse "opiniões fortes".

Ainda que o presidente valorize discordâncias na equipe, criando para si a oportunidade de exercer o poder de árbitro, esses choques podem atingir níveis além de uma pluralidade saudável. Aliados de Haddad e Gleisi já levaram o diagnóstico a Lula, com o alerta de que a guerra deve continuar nos próximos meses.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) e a preisdente do PT, Gleisi Hoffmann, durante encontro com deputados federais - Edu Andrade/Ascom/Ministério da Fazenda

Não foi a gasolina, em particular, que dividiu os dois campos. Gleisi e uma ala do PT se opõem a um esforço de ajuste nas contas públicas no primeiro ano de mandato —bandeira levantada pelo ministro em nome da estabilidade da economia. Para esses petistas, o governo deveria fazer de tudo para estimular o crescimento e a geração de empregos, mesmo que precise aumentar despesas.

Haddad insiste num receituário de contenção de gastos com o objetivo de evitar que a inflação continue pressionada e leve a um aumento de juros que trave ainda mais o crescimento. Em momentos de tensão, o ministro chegou a confidenciar que considera a oposição de petistas uma sabotagem aos seus planos e até à sua permanência no cargo.

O embate cria riscos para o governo no Congresso caso o PT não apoie integralmente a agenda de Haddad na votação de medidas que envolvam algum controle de despesas. O ministro, em última instância, pode se ver forçado a recorrer ao centrão para se proteger do fogo amigo.

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