Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu forças armadas

Comandante mostra que Lula manobra em margem estreita no Exército

Sem condições de vencer antipetismo na tropa, governo depositou aposta em grupos considerados legalistas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dias antes da demissão do último comandante do Exército, um ministro de Lula examinava as inclinações políticas da Força. As tropas, segundo ele, tinham um grande contingente de bolsonaristas, uma ala diminuta de lulistas e um bloco de antipetistas que poderiam ser considerados legalistas. "É com esse terceiro grupo que vamos ter que trabalhar", disse o auxiliar do presidente.

Lula sabia que manobrava dentro de uma margem estreita quando decidiu trocar a chefia do Exército. O presidente demitiu um general que se recusava a mitigar a contaminação política das tropas e nomeou um substituto que, na visão do governo, atendia a requisitos mínimos para evitar uma crise com as Forças.

O novo chefe do Exército parece ter sido escolhido dentro daquele terceiro grupo. Numa reunião com subordinados às vésperas da mudança de comando, o general Tomás Paiva criticou ações golpistas e questionou a credibilidade de teorias sobre fraude nas urnas, mas também admitiu estar entre os militares que lamentavam a vitória de Lula.

"Não dá para falar com certeza que houve qualquer tipo de irregularidade. Infelizmente, foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu", disse Paiva, segundo uma gravação divulgada pelo podcast Roteirices.

Lula, de camisa branca, cumprimenta com aperto de mãos o comandante do Exército, de farda, ambos sorriem
Lula cumprimenta o novo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva - Ricardo Stuckert/divulgação

O governo não tinha ilusões de um alinhamento completo quando escolheu Tomás Paiva. Depois da mudança, Lula disse publicamente que o general "pensa exatamente" como ele sobre os militares, mas restringiu sua avaliação a um ponto: "As Forças Armadas não servem a um político".

A aposta de Lula foi depositada no resgate de uma doutrina de respeito à lei e à autoridade do presidente, mesmo que o antipetismo permanecesse em setores influentes.

Na conversa gravada, Paiva reconheceu esse cenário. "Nós estamos na bolha fardada, militarista, de direita e conservadora", declarou. Ele afirmou ainda que os militares devem agir para barrar o que chamou de "enquadramento" dos militares pelo governo do PT.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.