Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu Congresso Nacional

Política miúda agarra o volante no Congresso e pisa no acelerador

Primazia do centrão esvazia agenda e valoriza busca por vantagens e sobrevivência

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Aquele Congresso travado, que faz jogo duro de votação em votação, sabe pisar no acelerador de vez em quando. A Câmara aprovou em uma hora e 58 minutos o projeto que pune o que chama de "discriminação" de políticos. A pressa era tanta que alguns deputados apertaram o botão verde antes de ler o relatório final.

O velocímetro da Câmara é um bom termômetro dos impulsos de autopreservação e busca por benesses no mundo político. Quando estão em jogo interesses pouco nobres da classe, os parlamentares costumam fechar acordos com rivais, encurtar discussões e fazer de tudo para não chamar muita atenção.

Em maio, a Comissão de Constituição e Justiça precisou de uma hora e 52 minutos para dar aval a uma anistia aos partidos que cometeram irregularidades eleitorais. No fim do ano passado, os deputados levaram 42 minutos para aprovar o projeto que flexibiliza a entrada de políticos em estatais e uma hora e 32 minutos para aumentar os salários da cúpula dos três Poderes.

Votações-relâmpago para aprovar medidas em causa própria são uma tradição de décadas, mas a política miúda finca raízes cada vez mais fundas no Congresso. Conquistar vantagens é a principal razão institucional de boa parte de um Legislativo que, no agregado, não se importa em manter laços frouxos de adesão ou oposição a agendas diferentes.

A primazia do centrão é causa e consequência desse jogo. Parlamentares aflitos por sobrevivência e sedentos por benefícios formaram um consórcio para extrair proteção e regalias de suas relações de poder. Assim, acumulam força para preservar seus mandatos e dizer, às claras, que podem votar a favor ou contra uma mesma plataforma a depender dos cargos e emendas que receberem.

Não é coincidência que o mais novo símbolo desse processo seja o projeto contra a "discriminação" de políticos. O texto foi proposto pela filha de Eduardo Cunha, o homem que refundou o centrão em 2014, e relatado por um aliado de Arthur Lira, que aperfeiçoou os métodos do grupo.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas