Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu forças armadas

Governo tem oportunidade de fazer um 7 de Setembro entediante

Monotonia servirá bem ao feriado para reforçar obrigações da caserna com seus limites institucionais

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Lula escolheu três adjetivos de dar sono para descrever sua expectativa para o Dia da Independência. "Acho que vai ser um 7 de Setembro bom, pacífico, normal", afirmou o presidente na antevéspera do feriado.

O petista mirou a data para marcar um capítulo necessário nas relações entre o poder civil e os militares. Depois de anos em que a aliança política de Jair Bolsonaro com as Forças Armadas explorou o 7 de Setembro para disparar ameaças, o governo tem a oportunidade de fazer uma solenidade entediante para reforçar as obrigações da caserna com seus limites institucionais.

A roupagem do primeiro Dia da Independência deste mandato de Lula parece apropriadamente burocrática. A ideia do governo é resgatar as cores verde e amarela como símbolos nacionais dissociados de correntes políticas. Já o slogan "democracia, soberania e união" teria o objetivo de enquadrar uma instituição que foi parceira do golpismo, se desviou de suas atribuições e serviu de veículo para o divisionismo.

Bolsonaro aproveitou o caráter militarista das solenidades para alimentar um projeto associado à autoridade das Forças Armadas. O então presidente plantou a semente em 2019, quando vinculou a data a uma luta por liberdade, ameaçada por adversários políticos. Nos anos seguintes, repetiu o roteiro ao anunciar a intenção de descumprir ordens judiciais, transformando o feriado numa exortação ao golpismo.

A ressaca bolsonarista veio pesada. O ex-presidente indicou a aliados que não pretende participar de nenhuma celebração pública no feriado. Valdemar Costa Neto, chefe do PL, disse à Jovem Pan que os apoiadores de Bolsonaro deveriam fazer o mesmo: "Vamos ficar em casa no dia 7 de Setembro, porque o que aconteceu com a gente no 7 de Setembro do ano passado foi muito triste".

Nenhum decreto seria capaz de tirar dos quartéis o elefante bolsonarista e nenhum desfile protocolar vai desfazer a corrupção institucional dos últimos anos, mas a monotonia servirá bem ao feriado.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas