Descrição de chapéu petrobras Governo Lula

Conheça Magda Chambriard, nova presidente da Petrobras que defende mais compra em estaleiros nacionais

Ex-chefe da ANP durante governo Dilma, executiva vê petróleo como indutor de desenvolvimento industrial

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Rio de Janeiro

A substituta de Jean Paul Prates no comando da Petrobras, Magda Chambriard, é engenheira e ex-funcionária da estatal. Comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff.

É vista pelo mercado como um quadro de perfil mais desenvolvimentista do que Prates, que tentou equilibrar sua gestão atendendo a promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sem assustar investidores privados.

A consultora de energia Magda Chambriard, que substituirá Jean Paul Prates no comando da Petrobrasm em evento no Rio de Janeiro - CHARLES SHOLL/Charles Sholl - 23.mar.2023/Brazil Photo Press/Folhapress

Ela defende o papel do setor de petróleo como indutor do desenvolvimento industrial do país, em pensamento alinhado ao do governo Lula. Um leilão de áreas petrolíferas, afirmou em entrevista de 2021, vai além de ver qual empresa paga mais. "Existe um plano de desenvolvimento nacional por trás."

"Se os projetos e obras forem para o exterior, estaremos abrindo mão do pré-sal", afirmou nessa entrevista, concedida ao portal Petronotícias. "Se o país não emprega a mão de obra nacional na indústria, no final das contas estará afetando a própria democracia brasileira", continuou.

Em artigo publicado no fim de 2023 na revista Brasil Energia, ela questionou o primeiro plano de investimentos anunciado pela gestão petista da Petrobras por não tratar de exploração de bacias maduras e de medidas de fomento à indústria naval brasileira.

"No Rio de Janeiro, mais de dez estaleiros encontram-se ociosos, enquanto o estado necessita seriamente alocar sua mão de obra produtiva", afirmou, defendendo que a Petrobras destine à indústria nacional "uma fatia de seus investimentos um pouco maior do que a que vem sendo destinada".

Chambriard é também defensora da exploração de petróleo na margem equatorial, região alvo de embates entre as áreas ambiental e energética do governo. Em recente entrevista ao Blog do Desenvolvimento, afirmou que "é frustrante" que essa região não tenha sido explorada ainda.

Procurada por telefone e mensagem, Chambriard não respondeu.

A indicada por Lula à Petrobras ingressou na ANP ainda no primeiro governo Lula, em 2002, como assessora da diretoria. Ocupou diversas funções na agência até assumir a diretoria-geral em 2012, no governo Dilma. Ficou apenas quatro anos, sendo substituída por Décio Oddone no governo Michel Temer.

Sua gestão foi marcada pela retomada dos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo no país, cinco anos após suspensão justificada pela descoberta do pré-sal e a necessidade de adequar as regras à oferta de reservas gigantes no país.

Foi marcada também pelas investigações de um dos maiores desastres provocados pelo setor de petróleo no país, o vazamento de petróleo durante perfuração de um poço da americana Chevron, na Bacia de Campos.

Após o acidente, Chambriard iniciou uma ofensiva por reforços na segurança operacional de plataformas de produção de petróleo no país, com a aplicação de elevadas multas sobre as empresas, o que rendeu desavenças com o setor.

Também focou a fiscalização do cumprimento de obrigações contratuais de conteúdo local, que determinam as compras de bens e serviços no país, outro foco de divergências com as petroleiras.

A indicação de Chambriard foi confirmada pelo conselho de administração da Petrobras no fim de maio, encerrando um conturbado processo de sucessão que derrubou as ações da companhia por duas ocasiões nos últimos meses.

A alta rotatividade no comando da empresa, que teve oito presidentes nos últimos oito anos, é criticada pelo mercado como um sinal de ingerência política que provoca instabilidade no preço das ações. Há receio, também, sobre a busca de um perfil mais expansionista para a empresa.

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