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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Candidatura de Trump coroa degeneração da direita americana

Republicanos abraçam populismo e incorporam extremismo trumpista sem olhar para trás

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Ron DeSantis gastou milhões de dólares para convencer os republicanos a indicarem um candidato um pouco mais normal do que Donald Trump. Nikki Haley defendeu muitas das propostas do ex-presidente, mas disse que era hora de deixar o caos para trás. O primeiro foi moído nas eleições primárias. A segunda deve ter o mesmo destino.

Se a escolha de Trump como candidato em 2016 pareceu uma pegadinha e sua derrota em 2020 soou como um alerta, a provável indicação do ex-presidente para disputar a Casa Branca em 2024, com boas chances de vitória, coroa uma transformação decisiva na direita americana.

Eleitores e elites do Partido Republicano abraçaram o populismo e incorporaram o extremismo trumpista sem olhar para trás. Mesmo políticos com credenciais firmes da direita —corte de despesas, revisão de gastos sociais, diplomacia linha-dura— passaram a ser encarados como opções tediosas em comparação com um personagem como Trump.

Donald Trump em evento após vencer a primária do Partido Republicano em New Hampshire, nos EUA - Timothy A. Clary/AFP

O ex-presidente instrumentalizou rancores da população americana, divisões culturais e um sentimento de abandono para mudar o eixo da discussão política no país. Com um misto de imprudência e arrogância, sustentou um discurso que nenhum outro candidato forte ousou sustentar e, assim, convenceu o eleitor de que não havia outras alternativas.

A adesão a Trump como candidato único facilitou até mesmo uma epidemia de cegueira deliberada em relação a seu passado golpista e suas pretensões autocráticas. Uma dose de oportunismo e a ausência de uma espinha moral fizeram com que a direção do Partido Republicano entregasse sua máquina política ao projeto pessoal do ex-presidente.

Uma nova e competitiva candidatura de Trump prova que o deslocamento da direita registrado na última década em vários países do mundo não foi um episódio transitório e é capaz de sobreviver inclusive a derrotas eleitorais. Se o ex-presidente voltar à Casa Branca, esse movimento tem ainda mais chances de se tornar definitivo.

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