Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Tour de Trump por tribunais vira campanha por anistia e revanche

Ex-presidente posa como vítima de perseguição e insinua vingança como plataforma para um segundo governo

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Donald Trump apareceu em dois tribunais na última semana. Na terça (9), o ex-presidente acompanhou advogados que argumentavam que ele deveria ter imunidade no caso em que é acusado de conspiração para reverter a eleição de 2020. Dois dias depois, participou da última audiência de uma ação por fraude fiscal.

O republicano não era obrigado a comparecer a nenhuma das duas sessões. Trump escolheu estar lá porque transformou os processos em espetáculos centrais de sua campanha para voltar à Casa Branca.

Em 2024, o ex-presidente tenta anabolizar o personagem forjado há quase dez anos, quando se lançou na política como um forasteiro que representava uma ameaça às elites do país. Num terreno fértil para teorias conspiratórias, Trump tenta agitar o eleitorado com a ideia de que é perseguido por inimigos poderosos, que querem tirá-lo do jogo.

Uma das expressões mais usadas pelo republicano nesta etapa da campanha é "caça às bruxas". Nos últimos dias, ele afirmou que estava sendo processado por razões políticas, bateu boca com um juiz e disse que a condução de uma das ações era como uma "interferência eleitoral".

Trump não disfarça a intenção de aproveitar a eleição para buscar, pelo voto, uma espécie de anistia popular por seus crimes. No ano passado, o ex-presidente insinuou que sua vitória nas urnas seria como uma vingança para milhões de eleitores.

Além de incendiar apoiadores radicais, Trump fornece a outros eleitores republicanos um discurso para manter fidelidade ao partido. Mas os efeitos devem ir além da campanha caso ele vença a disputa.

Trump explora uma ideia de revanche como plataforma para um segundo governo. Ele já disse que pretende ordenar a abertura de investigações contra Joe Biden, punir veículos de imprensa que o criticam, usar militares para reprimir protestos e iniciar um expurgo no serviço público contra o que ele chama de "deep state". Sem esconder os planos de retaliação, o ex-presidente espera uma carta branca de seus eleitores.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump faz um pronunciamento depois de comparecer a um tribunal em Nova York - Shannon Stapleton/REUTERS

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