Siga a folha

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Um país mal educado e construção de pontes

É fundamental abandonar trincheiras e buscar parceiros para construir políticas públicas de qualidade

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em 2018, foi publicado um excelente livro de Daniel Barros, estudioso de políticas públicas, com o título “País Mal Educado: Por Que se Aprende Tão Pouco nas Escolas Brasileiras?”, abordando os desafios da educação brasileira e algumas boas práticas que vêm nos colocando no caminho correto. O tema é abordado na perspectiva do ensino formal e mostra como algumas escolhas feitas pelo Brasil no passado trouxeram dificuldades em assegurar aprendizagem de qualidade para todos no presente.

A boa educação, no entanto, associa-se também à polidez, ao saudável hábito de demonstrarmos respeito por outros seres humanos no trato cotidiano e nas conversas que temos com pessoas dentro e fora da nossa bolha.

Escola municipal Maria do Carmo da Conceição, na zona rural de Jucás, a 407 km de Fortaleza (CE) - Paulo Saldaña/Folhapress

As regras de etiqueta, longe de serem um ritual sem sentido ou ultrapassado, envolvem fórmulas simplificadas para enviar sinais a nossos interlocutores de que entendemos que compartilhamos a mesma condição humana. Trata-se de parte do ferramental que foi se desenvolvendo no nosso processo civilizatório.

Sim, há pessoas hipócritas que usam linguagem polida para desrespeitar e agredir quem é considerado, por algum critério, inferior ou quem tem visões de mundo distintas, mas isso não desqualifica o uso da boa educação.

Ela pode ser um excelente auxiliar na construção de uma comunicação não agressiva que nos possibilite criar pontes hoje tão raras, no nosso polarizado cenário político. 

Afinal, não sairemos da crise civilizatória que vivemos e da armadilha paralisante de ataques mútuos, enquanto não dialogarmos para poder elaborar uma agenda mínima de políticas públicas a serem implementadas. E há quem prefira participar de polêmicas levantadas a cada tuíte oficial a discutir a difícil construção de uma sociedade mais justa, plural e desenvolvida.

E isso não ocorre apenas no Brasil. No 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, nesta semana, Lynell Hancock, da escola de jornalismo da Universidade Columbia, ao se referir ao contexto americano, disse que “certa cobertura de rumores, tuítes e funcionários públicos que podem ou não cair, tira o foco do que é mais pertinente para nossas democracias: a educação”.

É fundamental, neste sentido, que abandonemos as trincheiras que parecem nos proteger da opinião de outros e nos permitem atirar de volta a cada agressão recebida, e possamos assim buscar parceiros de jornada na construção de políticas públicas de qualidade, mesmo que deles discordemos em alguns pontos. Para isso a boa educação, nos dois sentidos do termo, é um bom ponto de partida e permite que nos foquemos no que é mais importante. 

Afinal, temos um país mal educado para consertar!

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas