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Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Butantan, um aniversário a celebrar

Instituto surgiu em 1901, para enfrentar um surto de peste bubônica em Santos

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No dia em que escrevo a coluna desta semana, o Instituto Butantan faz aniversário. Fundado em 23 de fevereiro de 1901, surgiu do esforço em combater um surto de peste bubônica em Santos, no final do século 19, o que levou o governo a comprar uma fazenda (de nome Butantan), para ali instalar um laboratório de produção de soro. Lá viria a florescer o centro, batizado inicialmente de Instituto Serumtherápico, sendo seu primeiro diretor o médico sanitarista Vital Brazil.

Se hoje relembro esta efeméride, é tanto pelo importante papel que o Butantan tem no enfrentamento da crise da Covid-19, junto com a Fiocruz, como por lembranças que carrego da minha infância, quando minha mãe nos levava frequentemente para ver "as cobras do Butantan". Percorríamos, meus irmãos e eu o museu e o serpentário em estado de êxtase, especialmente quando tínhamos a sorte de ver algum funcionário jogando ratos vivos para os répteis. Sim, talvez fôssemos um pouco sádicos, mas era um espetáculo que nos agradava e repugnava ao mesmo tempo.

Criança, eu ainda não sabia do importante papel que o instituto tinha e teria no futuro na produção de imunizantes, na pesquisa e na saúde pública e na educação brasileira, inclusive com a organização da Olimpíada Brasileira de Biologia. Para mim era como visitar animais que não ganhavam destaque em zoológicos, como aranhas, escorpiões, jacarés e, naturalmente, as serpentes.

Filha de imigrantes, cada vez que recebíamos visitas de fora do país, o que não era infrequente, este era o lugar em que levávamos os turistas ocasionais, mesmo que viessem sem crianças. E todos pareciam impressionados!

Fiquei perplexa, mais tarde, quando um incêndio, em 2010, atingiu o Prédio das Coleções, destruindo mais de 70 mil espécimes de serpentes e inúmeras outras de escorpiões e aranhas, fundamentais para as pesquisas ali realizadas. Acompanhei com atenção a reconstrução e alguns anos depois, as pesquisas para uma vacina contra o Zika vírus.

Hoje ao pensar nos cientistas que ali trabalham, no clima de tensão frente ao sentido de urgência que se coloca no cenário pandêmico, sinto um desejo forte de abraçar a todos pelo enorme esforço em inicialmente preparar as vacinas, produzir testes, adaptar uma fábrica para a produção em escala.

Mas devo também pedir desculpas a eles e a seus colegas da Fiocruz, entidade que entregou nesta semana o primeiro lote de vacinas com fabricação 100% nacional, por conta de uma parcela da população que se especializou em negacionismo científico e em tentar inviabilizar ou pôr a perder o seu admirável trabalho. Desculpem, "eles não sabem o que fazem..."

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