Para Ministério Público, fogo no Instituto Butantan foi criminoso
O incêndio que destruiu o laboratório de répteis do Instituto Butantan --um dos maiores acervos de cobras para pesquisa no mundo-- foi considerado criminoso pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
A promotora Eliana Passarelli considerou que houve "negligência e imperícia" no acidente, ocorrido em maio de 2010.
"Os responsáveis não respeitaram os princípios mais básicos de segurança", disse Passarelli à Folha.
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No inquérito, foram responsabilizados cinco funcionários: Otávio Mercadante, ex-diretor do instituto; Ricardo Braga de Souza, diretor administrativo; Selma Maria de Almeida Santos, pesquisadora; Carlos Almeida Correia, responsável pela divisão de engenharia, e Otávio Augusto Marques, diretor do laboratório de ecologia.
Segundo a promotora, eles serão responsabilizados por incêndio culposo --quando não há intenção de causá-lo.
Para Passarelli, os funcionários assumiram o risco de incêndio ao não tomar medidas básicas de segurança e permitir práticas perigosas, como manter uma alta quantidade de material inflamável próxima a fontes de energia.
Além disso, a administração fez uma obra no prédio mesmo sem alvará da prefeitura, construindo um mezanino de madeira para abrigar animais vivos. Eles acabaram morrendo no incêndio.
O Butantan afirma que "vem tomando todas as medidas de segurança necessárias ao combate a incêndios" e que "os prédios da instituição possuem extintores, além de brigadistas treinados para combate a incêndios, atendimentos de primeiros socorros e utilização de equipamentos específicos".
A decisão do Ministério Público foi baseada, entre outras coisas, no laudo do IC (Instituto de Criminalística). Divulgado em março deste ano, o documento concluiu que o incêndio foi acidental, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública).
As denúncias de negligência e imperícia nas instalações começaram logo depois do incêndio, que destruiu boa parte do acervo de quase 85 mil serpentes e 500 mil artrópodes, principalmente aranhas e escorpiões, reunido em um século de pesquisa.
Em nota, o instituto disse que ainda não foi notificado pelo Ministério Público, mas se diz à disposição do órgão para prestar esclarecimentos.
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