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O liberalismo é chato

Por outro lado, o populismo é excitante

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O liberalismo é notavelmente aborrecido. Tratar os outros com o mesmo respeito e a mesma autorização perante a lei, como fazem, por exemplo, os chatos suíços, não acelera os batimentos cardíacos. Por outro lado, o populismo é excitante. Tratar il duce como um soberano sagrado e tratar judeus, imigrantes, mulheres, homossexuais ou estudantes universitários como demônios aumenta a pulsação a 100 batimentos por minuto.

Há poucos dias, no centro de Dublin, na Irlanda, país que, em uma longa geração, passou do socialismo mágico e da tirania católica para o liberalismo moderno e assim para a quinta maior renda per capita do mundo, uma multidão de populistas incendiou automóveis e lutou com a polícia. Excitante. Os demônios? Imigrantes, especialmente aqueles que fogem de tiranias populistas em outros lugares. A multidão foi instigada por um boato na internet sobre um ataque a faca supostamente cometido por um refugiado. A teoria justificativa? Que os refugiados estão tomando nossas moradias, tal como os judeus estão tomando nossa economia ou os negros estão roubando nossas mulheres.

A habitação é, na verdade, absurdamente cara em Dublin, mas isso tem pouco a ver com os refugiados. A explicação econômica, chata, liberal, adulta e sensata para o alto preço das moradias, assim como ocorre em todo o mundo em cidades como Londres, San Francisco e São Paulo, é que os interessados locais, como os proprietários e os urbanistas, regulamentaram excessivamente a construção de novas habitações. Oh, não, dizem os populistas. São os demônios. Vamos matá-los. Vamos conseguir um novo duce para fazer isso. A excitação de cada eleição, mesmo em lugares geralmente adultos e liberais, como o seu país e o meu, pelo menos nos dias pares do mês, vem da excitação infantil sobre um novo duce, e a crença pré-moderna e mágica de que ele transformará todas as nossas decepções em ouro.

O liberalismo também é surpreendentemente moderno. Estou lendo um livro excelente chamado India in the Persianate Age [Índia na era persa], de Richard M. Eaton, que mostra que dois imperadores do século 17 experimentaram a modernidade regida pela lei. Talvez lei demais, como na regulamentação da moradia, mas pelo menos não a velha e altamente popular ideia do soberano sagrado. Isso muito antes da chegada dos britânicos. É verdade que o liberalismo total só se consolidou em 1991, e Modi o ameaça com o populismo.

Eu digo: cresçam, sejam modernos e fiquem ricos.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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