Jornalista e comentarista de política
Antigas musas cantam
Funasa volta a entoar o cântico do fisiologismo, como ocorreu na Caixa e deve ocorrer na Petrobras
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A Fundação Nacional de Saúde acaba de ser oficialmente ressuscitada depois de o governo ter tentado acabar com ela no início do ano por medida provisória, morta no Congresso por decurso de prazo.
Ressurge mais viva do que nunca com a decisão da comissão "técnica" de recriar superintendências em todos os estados da Federação. A ideia inicial da MP, editada no dia seguinte à posse de Lula, era montar uma estrutura enxuta em Brasília apenas com algumas diretorias, que dividiriam as funções de atendimento básico em saúde e saneamento com os ministérios da Saúde e das Cidades.
Os parlamentares do centrão, sempre críticos do expansionismo administrativo em benefício alheio às suas conveniências, não gostaram do enxugamento. Muito menos apoiaram a retirada da Funasa do guarda-chuva da pasta da Saúde, onde há mais espaços para a alocação de emendas.
Resultado: brigaram durante dez meses e venceram a parada. Conseguiram que antigas musas da "capilaridade" voltassem a cantar. Assim como de novo entoaram seus cânticos na Caixa Econômica Federal e, tudo indica, voltarão a solfejar na Petrobras. Aqui por iniciativa governamental, naquela base da mão que lava (ou suja) a outra.
Ex-presidente da fundação, o deputado Danilo Forte (União-CE) assumiu a liderança das negociações para a retomada dos velhos trabalhos dizendo que de agora em diante tudo seria diferente. "Se entregarem a Funasa à política, ela nasce morta", afirmou há cerca de seis meses.
Pois bem, foi feita a entrega à disputa política, Republicanos e PSD à frente, e foi isso que a fez reviver com 27 superintendências para serem postas a sabor do leilão da partilha partidária. Note-se, de partidos que na sua maioria apoiaram Jair Bolsonaro e perderam a eleição.
Falta ao deputado Forte rever ou explicar sua previsão sobre os males do renascimento da Funasa na entrega à política. Na pior acepção da palavra.
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