Jornalista e comentarista de política
Popularidade x credibilidade
Melhora na avaliação de Lula não é necessariamente sinônimo de confiabilidade
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Três pesquisas (Datafolha, Quaest e Ipec) registraram nos últimos dias uma melhora na avaliação do presidente. A isso dá-se o nome de popularidade, termo que não necessariamente se traduz como confiabilidade e credibilidade no desempenho do governante.
São conceitos diferentes, pois nem tudo o que é popular sobrevive ao crivo do que é melhor para o andamento dos trabalhos governamentais em prazos estendidos.
O Plano Cruzado em seu congelamento de preços foi extremamente popular. Levou aos píncaros da glória o governo José Sarney, que terminou afundado em hiperinflação e resultou na eleição de Fernando Collor, em 1989.
De qualquer modo, sob a luz do imediato, o aumento na aprovação é boa notícia para Lula. Ainda está distante do melhor momento, em agosto/setembro de 2023, a oscilação para cima é próxima à margem de erro, exibe dificuldade de conquistar adesão de frente ampla, mas parou de cair e por ora é o principal.
Pelo menos Lula não entra na campanha municipal em curva descendente. Os números confirmam que o presidente estava certo ao detectar que se aparecesse mais, se comunicasse mais e levantasse bandeiras populistas conseguiria estancar a sangria.
Nas pesquisas, obteve entre 67% e 87% de apoio nas questões de juros, salários e preço de alimentos. Ninguém gosta de juros altos, todo mundo quer melhores salários e comidas baratas. Além, claro, de água encanada e luz elétrica. Lula apostou no óbvio, foi no simples e se deu bem.
Pois aí mora um certo perigo. É o de o presidente retomar a falação agressiva a princípios da estabilidade econômica e, cheio de razão, acreditar mais no próprio taco que na objetividade dos indicativos.
Lances que mexem a bússola das pesquisas servem bem a candidatos, cujo prazo é curto para ganhar votos. Para governantes, contudo, o que vale é a consistência do resultado positivo no balanço entre perdas e ganhos.
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