Karen Jonz

Musicista e skatista, quatro vezes campeã mundial de vertical e primeiro ouro feminino dos X Games

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Karen Jonz
Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Por que não há skatistas mulheres mais velhas nas Olimpíadas

Apoio e visibilidade desde o início da trajetória no esporte fazem toda a diferença

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Vocês questionaram sobre ter tantas meninas tão novas no skate e os meninos serem mais velhos.

Então, mulheres mais velhas não existem no skate? Existem sim! Porém elas não estão nas Olimpíadas...muitas nem competem mais e eu já vou explicar o porquê.

Antigamente os homens começavam a praticar bem novinhos (meio que o que acontece hoje em dia com o feminino). Continuaram andando, se desenvolvendo e conseguiram ter uma vida no esporte mais longa, se mantendo relevantes para a modalidade por mais tempo.

O competidor mais velho em Paris-2024, Andy Mac tem 51 anos e anda desde os 12, enquanto o japonês Ginwoo Onodera, de 14 anos, é o mais novo entre os homens. Isso foi possível porque eles tiveram apoio e visibilidade desde o começo (claro que dentro dos termos do skate, um esporte que chegou a ser proibido e considerado crime).

Se isso tivesse acontecido com as mulheres, teríamos competidoras mais velhas participando.

Um skatista está realizando um salto acrobático no ar, segurando seu skate. Ele usa um capacete amarelo e uma camiseta cinza, além de joelheiras e cotoveleiras. Ao fundo, há uma estrutura com números que parecem indicar alturas, com os números 33, 44 e 55 visíveis.
Andy Macdonald, 51, o skatista mais velho em Paris-2024 - Carlos Barria/Reuters

Até meados de 2005, não começávamos tão novas (claro que teve uma ou outra exceção, mas dá para contar nos dedos), pois skate era visto como coisa de homem, os pais proibiam, muitos dos próprios skatistas homens eram hostis —como o próprio Nijah Huston (bronze no street em Paris-2024), que já deu declaração dizendo que skate não era para mulheres.

As meninas mais velhas acabaram desistindo, tendo que fazer outras coisas junto, ou mudando totalmente o foco, por falta de apoio, não por falta de potencial.

Só para vocês terem uma ideia, a pouquíssimo tempo, os campeonatos femininos não eram nem exibidos na TV e as skatistas dessa época lutaram e tiveram algumas conquistas, como inclusão nos campeonatos e premiação. Essa mudança não foi do dia para a noite.

O skate feminino é como se você estivesse jogando Super Mário querendo avançar de fase, então ele come o cogumelo e fica grande. Só que toda hora que é atingido por inimigos, volta a ficar pequeno. Enquanto o masculino nas primeiras fases do jogo está com o especial ligado e, mesmo se for atingido, não perde ponto.

Até a gente chegar nos dias de hoje, num cenário em que os pais não só deixam, como levam e treinam suas filhas para andar de skate.

Então, como as mais velhas têm deixando de competir, e em alguns países nem chegaram a se desenvolver o suficiente, e as mais novas começam muito pequenas (2, 3 anos), tem todo o apoio e estrutura e estão se desenvolvendo depressa, a faixa de idade diminuiu.

Na minha leitura, daqui a alguns anos, se a gente continuar tendo apoio, as crianças de hoje vão crescer e aí sim conseguir se manter, enquanto, ao mesmo tempo, a nova geração vai chegar, atingindo um equilíbrio, assim como no masculino.

O único ponto é que eu acredito que, daqui para frente, em ambas as categorias a renovação ficará mais rápida. Se antes um skatista se mantinha no topo por 10, 15 anos, esse ciclo ficará mais curto, pois o aprendizado como um todo está muito acelerado.

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